A Quinta de Chocapalha apresentou, recentemente, um dos seus vinhos ícone, o Vinha Mãe 2019.
À semelhança das edições anteriores, presta homenagem à primeira parcela de vinha plantada na propriedade pelos pais de Andrea e Sandra Tavares da Silva, a segunda geração à frente dos desígnios da Quinta de Chocapalha. A referência foi, por isso, a primeira a ser produzida pela família, em 2000.
Sem cortar laços com a tradição, a colheita que chegou às prateleiras de garrafeiras e cartas da restauração resulta de um blend de um trio de castas – Syrah, Touriga Nacional e Tinta Roriz. As vinhas, essas, somam 35 anos de idade e estão plantadas em sistema de cordão bilateral.
Depois de colhidas e desengaçadas, as uvas passaram por uma maceração pré-fermentativa a baixas temperaturas, durante oito horas. A fermentação alcoólica foi feita em lagares, durante oito dias, sendo que a fermentação maloláctica e o estágio ocorreram em barricas de carvalho francês ao longo de 22 meses.
Assim definido pela terra e pela mão humana, o vinho apresenta uma cor intensa e opaca, sendo marcado pelas notas de frutos de bosque, cereja preta e especiarias. Na boca mostra-se concentrado, com uma elegância que prevalece no longo final de boca. Os trabalhos de enologia estiveram a cargo de Sandra Tavares da Silva e Miguel Cavaco.
26€ | Álc. 14,5% | Acid. Tot. 5,92 g/l | pH 3,57 | Açu. Resid. 1,1 gr/l
O que é a Quinta de Chocapalha?
Situada na Região Demarcada de Lisboa, próximo de Alenquer, mais precisamente na Aldeia Galega, os registos mais antigos desta quinta remontam aos finais do século XVIII e inícios do século XIX, por altura do Reinado de D. João VI. Nessa altura a Quinta de Chocapalha pertenceu a Constantino O`Neil, membro de uma boa e grande família irlandesa católica que a partir do século XVII tinha começado a abandonar a sua ilha, perseguida por ingleses protestantes. Os vários ramos foram principalmente para França e Espanha.
O primeiro O’Neil a fixar-se em Portugal foi João O’Neill (Shane O’Neill), que
chegou a Portugal em 1740, juntamente com dois irmãos, fixando-se na zona de Setúbal.
Investiram em várias quintas entre elas a de Chocapalha (aparece grafada ao longo do tempo, às vezes como Choca Palha, outras vezes como Choca Palhas e ainda como Chocapalhas).
Não conseguimos saber porquê, nem quando, mas nos finais do século XIX Constantino O’Neil doou-a a (Carlos ) Diogo Duff (2ª geração nascida em Portugal), ilustre fidalgo escocês muito estimado por João VI.
A quinta manteve-se na posse da família Duff até à década de 1980, quando foi comprada pela família Tavares da Silva que investiu enormemente no recondicionamento dos vinhedos, nas condições da adega e de armazenamento dos vinhos, até ao lançamento de uma boa aposta em naturismo, no início da década de 2020.
Com 45 hectares de vinha, a Quinta produz brancos e tintos, a partir de castas nacionais, como a Touriga Nacional, a Tinta Roriz ou a Arinto, e internacionais, como o Cabernet Sauvignon. Os seus vinhos estão muito bem cotados entre os da região.
Pode ser apenas um acaso, mas Chocapalha congrega em si a história de dois dos melhores enólogos da actualidade: Os actuais proprietários, Alice e Paulo Tavares da Silva, ela de nacionalidade Suíça, ele oficial da Marinha são pais de Sandra Tavares da Silva. A mãe de João Portugal Ramos, Senhora Dona Josefa Henriqueta Teresa Maria de Lourdes Duff de Portugal e Castro era tetraneta de Carlos Diogo Duff.
Há quem diga que foi esta quinta que enfeitiçou os dois para seguirem um brilhante percurso no campo na enologia em Portugal!