Domingos Soares Franco, vice-presidente da José Maria da Fonseca e um dos mais importantes e festejados enólogos portugueses anunciou, recentemente, a sua reforma, comemorando-a com o lançamento de de uma trilogia constituída por um vinho branco, um tinto e um moscatel. Chamou aos três de Quadraginta, nome que em latim significa quarenta, sendo esses ao anos que o enólogo leva de profissão.
O evento decorreu nas caves da Quinta da Bassaqueira (José Maria da Fonseca), em Azeitão, um simpático e emocionante acontecimento, onde não faltaram, para além de muitos outros convidados, os seis enólogos que, com Domingos Soares Franco fizeram a revolução do vinho em Portugal, levando-o gradualmente a emparelhar com os melhores vinhos mundiais. É o que costumo de chamar de “chegada da Universidade à adega”, com técnicos de formação superior a substituírem as práticas empíricas e tradicionais até aí usadas.
Esses sete magníficos, para além de Domingos Soares Franco são José Maria Soares Franco, João Portugal Ramos, Nuno Cancella de Abreu, Paulo Hortas (o seu braço direito durante 38 anos), João Nicolau de Almeida e Anselmo Mendes.
Acarta de despedida de Domingos Soares Franco inicia-se com “Foi em 1980 que regressei à Quinta de Camarate, às vinhas da família e ao sonho da enologia e viticultura. Aportei em casa com o velho baú, que me acompanhara Estados Unidos fora”, terminando “Quadraginta é o reflexo da minha paixão pelo vinho e pelo terroir de Setúbal. Cada garrafa transporta consigo a minha história, experiência e compromisso com a qualidade e inovação. Este é o resultado de 40 anos de carreira, e este é o culminar de todas as minhas criações”.
Trilogia
A gama Quadraginta é composta por três vinhos distintos – um tinto, um branco e um moscatel de setúbal – sendo cada um deles, uma homenagem e uma interpretação singular da riqueza e complexidade da Península de Setúbal. Criados a partir de castas selecionadas e com envelhecimento em barricas de carvalho, estes vinhos traduzem a visão e o savoir-faire de Domingos Soares Franco.
O Quadraginta Tinto vinho regional Península de Setúbal 2017 é para Domingos Soares Franco o tinto sonhado há vários anos. O lote final deste vinho é composto por uma seleção especial de castas tradicionais da Península de Setúbal – Touriga Francesa (22%), a casta nacional de eleição para Domingos, proveniente da Herdade de Algeruz de uma vinha de 1998; Trincadeira (44%) da Herdade de Algeruz; e, por fim, a tão querida Castelão Francês (34%), uma pequena parte proveniente de Algeruz e a maioria de uma vinha na Serra da Arrábida. Com uma longevidade de 15 anos, este é um vinho de tonalidade vermelho com rebordos de telha. O seu aroma é elegante com madeira “quanto baste”, com grande evolução no copo, complexo, frutado, com aromas a mirtilos, framboesa vermelha, cassis, estevas, violetas, kiwi, especiarias e flor alcaçuz. Na boca, mostra-se elegante, complexo e frutado, com taninos muito suaves, mas firmes. O seu final é longo. Para uma melhor apreciação, a garrafa deve ser aberta 24 horas antes de ser provada, utilizando copos grandes e consumido a uma temperatura de 18º graus.
Numa ode ao tão desejado branco, “com madeira quanto baste”, eis o
Quadraginta Branco vinho de mesa 2021. As castas pensadas para este vinho foram o Riesling (46%), de uma vinha com 20 anos em Trás-os-Montes, Antão Vaz (44%) de uma vinha com 30 anos na Herdade de Algeruz e Alvarinho (10%), de uma vinha com 30 anos na Quinta de Camarate. Com uma longevidade de 12 anos, este é um branco de cor amarelo com laivos dourados. O seu aroma é complexo, sempre em evolução, e frutado, lembrando meloa rosa, marmelada, pêssego, mas também jasmim, petróleo e alguma madeira. Na boca, apresenta frescura, uma boa acidez, enquanto se encontra cheio, equilibrado e elegante. Tudo isto suportado por alguma madeira de cascos de carvalho francês. O seu final é muito longo. Para melhor apreciação, a garrafa deve ser aberta umas horas antes de ser servido num copo de tinto grande a uma temperatura de 16º graus.
Por fim, o Quadraginta Moscatel de Setúbal 1998, sendo este vinho para Domingos Soares Franco, o melhor Moscatel de Setúbal que alguma vez fez. Este vinho começou com o espírito criativo e experimentalista do enólogo, de parar vinho generoso com aguardentes provenientes das regiões de Cognac e de Armagnac. Assim, em 1998, Domingos iniciou essa experiência com diversas percentagens dessas duas aguardentes. Após finalizar essa fermentação e respetiva maceração pelicular, o vinho foi para envelhecimento em cascos de madeira usada. Domingos esqueceu-se do vinho até ao tempo da pandemia, onde, retomou esta criação e provou o vinho. De tom dourado com laivos esverdeados, este generoso apresenta um aroma a frutos secos como nozes, figos, avelãs, mas também mel, manga, caixa de charuto, caramelo, trufa, café, acácia, flor de limoeiro, coco e casca de laranja. É muito complexo e completo no nariz. Já no paladar, apresenta-se muito frutado, redondo, macio, muito elegante, com doçura elevada, mas muito bem equilibrada pela acidez presente. O seu final de prova é interminável. Para uma verdadeira apreciação deve ser consumido a 12º graus.
Disponível em edição limitada, a trilogia Quadraginta pode ser adquirida em lojas especializadas e no enoturismo da José Maria da Fonseca.
Os preços recomendados são os seguintes: Quadraginta Tinto vinho regional Península de Setúbal 2017, 190€; Quadraginta Branco vinho de mesa 2021, 98€; Quadraginta Moscatel de Setúbal 1998, 220€
Pack da Trilogia Quadraginta (3 garrafas) 500€