
O Papa Francisco faleceu a 21 de abril, na véspera do Dia Mundial da Terra que se assinala a 22 de abril. Curiosamente, Francisco, 88 anos, teve um Papado que colocou uma grande ênfase nas questões da sustentabilidade do planeta e das alterações climáticas.
Numa análise ao papel do Papa em prol da ecologia, a associação ambientalista Zero lembra a importância de Francisco na necessidade de se cuidar da “casa comum” que é o planeta Terra, na encíclica “Laudato si”, que completa 10 anos a 24 de maio próximo.
“O que escreveu foi determinante em 2015, ano em que se aprovaram os 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável e o Acordo de Paris. O Papa mencionou que ´uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo´”, diz a associação.
A Zero recorda ainda que na encíclica o Papa refere que os jovens exigem uma mudança e interrogam-se como é que se pode construir um mundo melhor sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos.
“Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. (…) Precisamos de nova solidariedade universal”, dizia o Papa na sua encíclica.
A encíclica tem 184 páginas, ao longo das quais Francisco “condena a incessante exploração e destruição do ambiente, responsabilizando a apatia, a procura de lucro de forma irresponsável, a crença excessiva na tecnologia e a falta de visão política.”
O Papa afirma que “as alterações climáticas são um problema global com implicações graves: ambientais, sociais, económicas, políticas e de distribuição de riqueza. Representam um dos principais desafios que a humanidade enfrenta nos nossos dias” e lança o alerta para “a destruição sem precedentes dos ecossistemas, que terá graves consequências para todos nós” se não forem realizados esforços de mitigação de forma imediata.
A esperança de Francisco era que a encíclica influenciasse a política energética e económica e incentivasse um movimento mundial por mudanças, para deter a “deterioração global do ambiente”.
Com um Papado de 12 anos, Francisco nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, tendo sido o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, 20 de abril, no Vaticano, na véspera de morrer.