Todas as oportunidades são boas para voltar a andar num MX-5 e a comemoração dos 35 anos do icónico roadster, bem como as novidades deste ano/modelo 2024, foram a desculpa perfeita para passar mais uns dias so volante deste verdadeiro brinquedo de “gente grande”.
Tenho a sorte de já ter conduzido todas as gerações do MX-5. Mais, tenho o privilégio de ja ter estado ao volante de praticamente todas as versões e variantes. Mas o mais curioso é que, apesar da experiência acumulada, sempre que me sento ao volante de um “novo” MX-5, o entusiasmo é sempre o mesmo.
Vamos tirar já o elefante da sala, o MX-5, especialmente este último com o motor 1.5 de 132 cv, não é o mais rápido, eficaz ou divertido dos roadster atuais. Mas há algo na sua simplicidade, na forma linear como responde e na aparente facilidade com que se tira partido daquele chassis, que torna o Mazda uma das melhores formas de investir 35 mil euros (versão de acesso). Na realidade, a série especial Kazari custa 42.747 € no ST e sobe aos 45.247 € neste RF. Mas, ainda assim, continua a ser relativamente barato para a diversão que oferece.
Aliás, o MX-5 tem, pelo menos para mim, um efeito quase terapêutico: por muito mal que esteja a correr o dia ou que os problemas se sucedam em catadupa, é impossível não sorrir perante a visão deste roadster de “bonecas”, como diz a minha esposa. Referindo-se ao tamanho e não ao possível público alvo.
Amor à primeira vista
Desde que foi lançado, no Salão Automóvel de Chicago, em Fevereiro de 1989, o Mazda MX-5 tornou-se um caso sério de amor à primeira vista, personificando na perfeição o espírito dos pequenos roadsters divertidos de conduzir. Ao longo dos anos e das suas quatro gerações (da original “NA”, à actual “ND”), o MX-5 soube evoluir e acompanhar os tempos, mantendo-se sempre fiel à sua principal filosofia: proporcionar uma excelente experiência de condução a um custo (relativamente) controlado. Esta versão referente ao ano/modelo 2024, mantém intactos estas prerrogativas, embora com algumas “novidades” que em nada desvirtuam o conceito original.
Entre as actualizações subtis incluem-se avançados faróis de LED, luzes traseiras revistas e uma nova opção de cor Aero Grey metalizada, que se junta a outras seis cores e composições com as capotas. No vasto leque de de sistemas de segurança inclui-se o Sistema de Aviso de Saída da Faixa de Rodagem (LDWS), Assistência à Travagem de Emergência e um novo sistema secundário de mitigação de colisão.
O sistema Mazda Connect também foi actualizado e inclui, a partir de agora, um ecrã táctil a cores de 8,8 polegadas, integração de smartphone em modo wireless e uma melhor qualidade de imagem da câmara de visão traseira. Por fim, a introdução do modo DSC-Track para uma condução optimizada em pista.
Pequeno em tamanho, gigante em emoções
Como referimos, não é pelas prestações avassaladoras ou pela capacidade de “acender” os pneus traseiros à saída de cada curva que o MX-5 apaixona, mas antes pela capacidade inata de, mesmo a andar devagar, se tirar partido de um chassis equilibrado e de uma envolvência emocional que nos transporta para outra era, para uma em que os automóveis eram simples, leves, pequenos e divertidos. E, para isso, o motor 1.5 Skyactiv-G de 132 cv/97 kW de potência às 7000 rpm e o binário máximo nos 152 Nm às 4500 rpm, distribuídos pelas rodas traseiras, associado a uma deliciosa caixa manual de 6 velocidades (6MT), é mais do que suficiente. Com duas grandes vantagens: o IUC é mais baixo e os consumos comedidos. Neste último ponto convém referir que, numa viagem de quase 1000 km, que combinou estradas secundárias e auto-estradas, o consumo médio foi de 5,6 l/100 km.
Graças ao baixo peso, o MX-5 acelera de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos (8,6 no RF) e supera ligeiramente os 200 km/h de velocidade máxima. Mas, mais uma vez, são números que não contam a história toda. Muito pequeno e ágil, o roadster da Mazda parece redobrar as sensações ao v0lante. Até a nota de escape do pequeno 1.5 acompanha na perfeição esta ode aos sentidos. Depois, a boa proteção aerodinâmica e uma suspensão relativamente suave permitem enfrentar com conforto tiradas mais longas, como foi o caso. O que continua a faltar, embora seja um desafio de difícil solução, são espaços para arrumar objetos de uso diário. Não é tanto um defeito, mas uma questão de feitio e o preço a pagar pelas dimensões muito compactas.
Artigo por Rui Reis