Arnaldo Trindade foi fundador da editora Orfeu, editor de algumas das músicas mais emblemáticas da Revolução dos Cravos e muito mais.
Portugal perdeu, esta segunda-feira (8 de janeiro) uma figura icónica da indústria musical e cultural do país, com o falecimento de Arnaldo Trindade aos 89 anos de idade. Conhecido por ser o fundador da editora Orfeu, foi também um protagonista crucial na disseminação das obras de artistas emblemáticos como José (Zeca) Afonso, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, José Cid, Paulo de Carvalho, entre outros.
A notícia da sua morte foi anunciada pela própria família nas redes sociais, onde se pode ler que “o velório será em Cristo-Rei a partir das 16:30 de terça-feira, dia 9, com o funeral na quarta-feira, dia 10, às 10h, na igreja de Cristo-Rei. Os familiares agradecem as condolências neste momento triste”.
Arnaldo Trindade teve um papel preponderante no lançamento de algumas das músicas mais emblemáticas da Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), ao editar “Grândola, Vila Morena“ [de Zeca Afonso] e “E Depois do Adeus” [de Paulo de Carvalho], deixando desta forma um legado significativo para o panorama musical português.
A sua contribuição para a música portuguesa não se limitou apenas a estes momentos históricos. Arnaldo Trindade também adquiriu a Rádio Triunfo, onde convidou “vários poetas e prosadores a gravarem os seus trabalhos”, incluindo figuras proeminentes como Miguel Torga, José Régio, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade e Aquilino Ribeiro.
A biografia de Arnaldo Trindade – publicada em junho de 2013 – destaca a sua dedicação à música e a sua coragem ao ignorar a PIDE – polícia política do regime do Estado Novo. “Dedicado à música e ignorando ostensivamente a PIDE, Arnaldo Trindade, desde finais de 50 e até meados da de 80, pela Orfeu produzia o melhor da música portuguesa: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho, Fausto, Vitorino, Fanhais, produções José Mário Branco e José Niza”, lê-se na obra intitulada de “Jogos de Xadrez e da Vida”.
O reconhecimento do seu contributo para a cultura portuguesa foi formalizado no ano de 2012, quando Arnaldo Trindade foi distinguido pela Câmara Municipal do Porto com a medalha municipal de mérito. O seu legado vai perdurar e continuar a inspirar gerações futuras no vasto universo da música e da cultura nacional.