Os agricultores protestam de norte a sul de Portugal e exigem a valorização da agricultura e condições mais justas para o respetivo setor.
Os agricultores portugueses estão, esta quinta-feira (1 de fevereiro), a realizar um protesto, que se estende de norte a sul de Portugal, a exigir a valorização da agricultura e condições mais justas. A manifestação, liderada pelo Movimento Civil de Agricultores, teve início às 06h00 e já bloqueou estradas nos distritos da Guarda, Portalegre, Beja e Santarém.
Centenas de agricultores, que ostentam bandeiras portuguesas e faixas com mensagens contra as políticas governamentais para o setor agrícola, interromperam o trânsito em vários locais estratégicos – com os seus tratores –, incluindo a ponte da Chamusca, a Estrada Nacional 260 em Beja (entre Vila Verde e Ficalho), a A6 na zona de Elvas, a Estrada Nacional 324 no Alto de Leomil, a A25 na Guarda, entre outras – as referidas são as localizações com mais constrangimentos até ao momento da publicação deste artigo.
Este protesto acontece um dia após o anúncio do Governo de um pacote de mais de 400 milhões de euros destinado a mitigar o impacto da seca e a fortalecer o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). Apesar das medidas anunciadas, os agricultores alegam que as propostas são insuficientes, destacando a falta de prazos e formas claras de pagamento.
A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, já se manifestou ao dizer que respeita o direito à manifestação. No entanto, a ministra pede que os protestos sejam realizados “de forma ordeira e cumprindo os preceitos”, sem colocar em risco pessoas e bens. Maria do Céu Antunes assegurou ainda que o Governo vai considerar os cadernos reivindicativos apresentados pelos manifestantes.
Já os agricultores portugueses afirmam que estão dispostos a resistir ao que chamam de “ataque permanente à sustentabilidade, soberania alimentar e vida rural”, acrescentando ainda que as novas promessas da ministra da Agricultura não passam de campanha pré-eleitoral e insuficientes. “Andam há oito anos a brincar connosco. Nós andamos a sofrer há muitos anos com os aumentos do gasóleo, das matérias primas, das rações dos animais e das forragens”, referem os agricultores.
O clima de revolta tem levado a vários bloqueios estratégicos em Portugal, com as autoridades a acompanharem de perto os protestos e a pedirem que a manifestação não comprometa o direito à mobilidade.
De relembrar que este protesto nacional da classe agrícola não é a única na Europa, visto que vários países europeus – França, Espanha, Bélgica, Grécia, Alemanha e Itália – também estão a enfrentar manifestações similares por parte dos agricultores, que denunciam a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.