No ano em que a José Maria da Fonseca celebra 190 anos e, também numa celebração aos 174 anos de história de Periquita, a produtora de Azeitão, sob o mote “Moderno desde 1850”, fez um rebranding da marca, que nos lembra os primeiros rótulos do Periquita..
Sempre presente é o brasão da Ordem da Torre e Espada, distinção atribuída por D. Pedro V a José Maria da Fonseca em 1856, pelo Valor, Lealdade e Mérito no âmbito da indústria portuguesa.
António Maria Soares Franco, Co-CEO da José Maria da Fonseca, diz-nos que a marca Periquita é, sem dúvida, a espinha dorsal do portefólio da José Maria da Fonseca e que tem conseguido adaptar-se ao longo dos anos, com uma presença contínua, quer em Portugal como no Mundo. Vendem para mais de 70 mercados, como o Brasil, Suécia, Estados Unidos, Canadá e toda a Europa, o que faz do Periquita um dos vinhos portugueses mais exportados.
Para mostrar a vitalidade do vinho Periquita e também para marcar a despedida de Domingos Soares Franco da chefia da enologia da empresa (reformou-se, embora continue muito atento ao que se passa na adega) a José Maria da Fonseca organizou uma prova vertical em que pudemos provar 14 colheitas, a mais antiga de 1940 e e a mais moderna de 2022.
Esta prova, foi frisado por Domingos Soares Franco, dificilmente se poderá repetir porque o stock de garrafas mais antigas está a atingir limites críticos.
Presentes também, para além de Domingos, o seu irmão e presidente da empresa, António Soares Franco, António Maria e Sofia Soares Franco da 7ª geração e Paulo Hortas, director de Enologia e Viticultura.
Notas de prova
Periquita de 1940 – Foi uma enorme e grata surpresa. Com uma bela cor ainda intensa só levemente acastanhada, mostrou-se muito vivo no aroma, com notas de compotas, marmelada, especiarias, passas sugestões de cogumelos, terra molhada e musgo a mostrar uma evolução no melhor caminho.
Na boca o vinho está bastante fresco, cheio, com o tanino muito sedoso. Um enorme prazer a beber. É obra para um vinho com 84 anos!
Periquita de 1954 – Mostrou-se mais acastanhado na cor do que o seu irmão 14 anos mais velho, amadeirado no aroma, com sugestões de tâmaras, alcarávia, verniz e molho de soja. Corpo algo magro e quase sem tanino.
Periquita de 1959 – Provámos dois vinhos deste ano, um marcado com a sigla J e outro com a sigla P. Domingos Soares Franco explicou que os rótulos estavam meio comidos pelo tempo, pelo que o que se lia era apenas o J de JMF e na outra o P de ACP (Adega Cooperativa de Palmela). Eram dois lotes diferentes e calcula-se que um era proveniente dos solos argilo-calcários das vinhas da José Maria da Fonseca e o outro dos solos arenosos da Adega Cooperativa da Palmela onde, na altura, a JMF comprava vinho.
O 1959P com muita cor e laivos mogno, com fruta ainda de grande definição a lembrar framboesas e amoras, especiaria, nuances florais, um vinho ainda intenso, elegante com tanino presente e boa frescura. O 1959PJ com fruta mais delicada, notas de cogumelo, musgo, pão de centeio, alcarávia, fumo e folha de louro, revelou menos corpo, acidez mais alta, tanino presente mas civilizado.
Periquita 1961 – Cor com bastante evolução, com bastante fruta a lembrar ameixa e cereja desidratada, especiaria, flores secas a lembrar lavanda, cogumelos e eucalipto, muito balsâmico. Denso, com amplitude e frescura, longo e bem persistente no sabor. Um belo vinho de uma complexa e elegante complexidade.
Periquita 1965 – A garrafa disponível tinha TCA.
Periquita 1966 – Alguma evolução na cor. Nariz um pouco deslavado, mas na boca mostrou-se denso e cheio.
Periquita 1970 – Cor próxima da cor-de-tijolo. Notas balsâmicas, fruta compotada, sugestões especiadas, ainda fresco, com leve amargo no final.
Periquita 1976 – Bastante evoluído quer no aroma, quer na boca.
Periquita 1985 – Está um vinho muito saboroso com um final bom.
Periquita 1990 – Dá prazer a beber mas não está tão guloso como o 1985.
Periquita 2007 – representa um lote de Castelão (75%), Trincadeira (15%) e Aragonez (10%). A maior parte das uvas provém do solo arenoso e 5% do argilo-calcário. De cor granada, revela muita amora e pimenta preta, figo maduro, alguma canela, e notas mentoladas. Na boca mostra raça. Com taninos finos e belo final.Foram produzidas mais de 1 milhão de garrafas.
Periquita 2011 – É um lote de Castelão (50%), Trincadeira (40%) e Aragonez (10%), também maioritariamente do solo arenoso. De cor granada, boa fruta. Com notas compotadas, de louro, e sugestões de tomilho e orégãos. Ainda está a crescer. Cremoso, bom final. Foram produzidas 375 000 garrafas.
Periquita 2022 – O Alicante Bouschet substituiu o Aragonez no lote complementado com com Castelão e Trincadeira. Está bom, mostra que tem óptimas pernas para andar, mas falta-lhe amadurecer um pouco mais.