A New Men, media-partner do International Club of Portugal (ICPT), marcou presença, esta quarta-feira (dia 18), em mais um almoço debate. Desta feita, o convidado especial foi o Comendador António Saraiva, atual Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, após vários anos à frente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
Numa intervenção subordinada ao tema “Um futuro socialmente responsável”, António Saraiva ressalvou o papel preponderante da Cruz Vermelha Internacional nos diversos conflitos que se alastram pelo planeta e nas inúmeras catástrofes que enfrentamos anualmente, mas também destacou o papel da instituição a que preside, a Cruz Vermelha Portuguesa, fora do âmbito e dos teatros de operações a que o público em geral se habituou.
“A Cruz Vermelha Portuguesa é muito mais do que as intervenções em zonas de catástrofe, como a que, infelizmente, assistimos por estes dias na região norte do país, tão assolada pelos fogos. Desenvolvemos uma atividade de grande relevo no apoio direto a diferentes franjas da população. Dos mais carenciados, aos sem abrigo, passando pelas mulheres e homens vítimas de violência doméstica. É importante desmistificar a ação da Cruz Vermelha e não limitar a sua intervenção aos momentos de crise, até porque esta conotação acaba por não beneficiar a instituição. Temos muito orgulho em poder dizer que, neste momento, mobilizámos para a zona afetada pelos fogos, o maior dispositivo dos últimos anos ao serviço da Cruz Vermelha, mas queremos que a população em geral também reconheça o nosso trabalho diário em prol dos que mais precisam, dos que sofrem ou dos que precisam de apoio. Para se ter uma ideia das valências que apresentamos, temos um dispositivo composto por mais de 159 delegações que cobrem todo o território nacional, 2800 colaboradores, mais de 1000 viaturas e cerca de 4000 voluntários. Estes homens e mulheres precisam de meios para operar, para fazerem o seu trabalho ao serviço da Cruz Vermelha Portuguesa e dos portugueses. Até porque, sejamos honestos, boa parte do financiamento da CVP vem dos donativos, sejam em bens materiais, alimentares ou em dinheiro, e se a população em geral e as empresas tiverem conhecimento dos serviços que desempenhamos quotidianamente, isto poderá repercutir-se num maior apoio direto à instituição”.
Imigração, um tema cada vez mais na ordem do dia…
O tema da imigração acabou por ser outro ponto em destaque na intervenção de António Saraiva que não deixou de expressar a sua opinião ainda que este possa gerar polémica. O Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa começou por afirmar, de forma peremptória, “que os portugueses têm de ter a noção de que, sem a imigração, a economia do país parava. Temos de trabalhar em conjunto, governo, associações, instituições e população em geral, para criar uma pedagogia que informe sobre as vantagens dos imigrantes. Nós, na nossa história, temos um passado de imigração. E fomos para os outros países, em muitos casos, substituir mão-de-obra que, naquele tempo, era abandonada pelas populações locais. Com isso, acabámos por dar um contributo, muitas vezes decisivo, para o desenvolvimento económico destes países de acolhimento. Hoje, somos nós os recetores de camadas de população de destinos com um nível de desenvolvimento inferior ao nosso e que nos procuram para refazerem as suas vidas, para melhorarem o seu bem estar e o das suas famílias, muitas delas ficaram no país de origem. Temos de desmistificar esta ideia de que o imigrante vem roubar o meu posto de trabalho, praticar atos ilícitos e fazer perigar a nossa segurança. Há sempre maçãs podres no cesto, é verdade, e há que ser criterioso e rigoroso no processo de seleção, mas nunca podemos tomar o todo pela parte. Não podemos ser, logo à partida, preconceituosos”.
Os almoços-debate do International Club of Portugal regressam já na próxima quinta-feira, dia 25 de setembro, e terá como orador Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal e Presidente da European League.
Artigo por Rui Reis