O empreendimento Vicentino nasceu do olhar atento de Ole Martin Siem, norueguês que se apaixonou por Portugal no final da década de 80, depois de ter visto no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina as condições ideias para desenvolver os seus projetos de agricultura.
A aventura pelo mundo dos vinhos começa um pouco mais tarde, em 2007, mas o primeiro lançamento no mercado só acontece em 2014, um Sauvignon Blanc. A nova adega teve de esperar mais mais nove anos para ficar completamente pronta. E está belissima.
Como uma grande parte das propriedades se encontra dentro do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina Ole Siem teve que respeitar as imposições legais e, de início, como não pôde plantar vinhas lançando-se na horticultura. Mais adiante faremos as devidas referencias.
Os vinhos Vicentino são produzidos numa excelente localização, em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Aqui, as altas temperaturas do Alentejo são atenuadas pela frescura e humidade provenientes do Oceano Atlântico, formando um ingrediente essencial para a maturação das uvas:o nevoeiro. Com invernos frescos e húmidos,verões amenos e a constante presença dos ventos do mar, as uvas amadurecem lentamente e de forma uniforme, criando vinhos onde a elegância se sobrepõe à robustez.
Beijado pelo mar, pelo sol e pela brisa atlântica, este terroir é o berço de vinhos frescos e elegantes, com vinhas plantadas em solos argilo-xistosos e arenosos, com baixo potencial de produção. A baixa produtividade imposta pelo solo realça a qualidade das uvas, promovendo uma mistura ideal de ácidos orgânicos, açúcares e compostos fenólicos. É a obtenção deste equilíbrio entre qualidade e quantidade, juntamente com o clima ameno,que permite obter grandes uvas.
A Vicentino possui cerca de 60 hectares de vinhas próprias, com variedades autóctones e internacionais. Nos brancos, produz Alvarinho, Arinto, Viosinho, Sauvignon Blanc e Chardonnay,e nos tintos, Touriga Nacional, Aragonez, Pinot Noir, Syrah, Merlot.
Numa visita que fizemos à Adega Vicentino tivemos oportunidade de provar alguns dos vinhos com o toque mágico do grande enólogo Bernardo Cabral.
Como nota dominante a presença, mais do que lógica, dada a proximidade do Atlântico de uma salinidade que dá a estes vinhos uma frescura e uma gulodice enorme.
Neste momento, a Vicentino possui um portfólio de 16 referências, divididas por cinco gamas de vinhos.
Gama Poente:Combinações de castas que refletem a harmonia dos contrastes, como o Alentejo e o Atlântico, a força e a suavidade, o calor e a frescura, resultando numa seleção de alta qualidade. Esta gama é composta por dois vinhos: um branco e um tinto.
Gama Nascente:Gama focada na expressão única de cada casta.
Seleção de seis vinhos monovarietais-um Sauvignon Blanc, um Alvarinho e um Arinto, nos brancos,e um Syrah, Touriga Nacional e Merlot, nos tintos.
Gama Neblina:Gama que evoca mistério e complexidade, como a neblina que lhe dá o nome. As notas complexas são realçadas pelas barricas de carvalho onde fermentam, proporcionando sensações que persistem no paladar, elevadas pela acidez envolvente e pela elegância aromática. Nesta gama há dois reservas da Vicentino: um branco e um tinto.
Gama Luar:Esta gama coloca em evidência o terroir único da Costa Alentejana. De cultivo exigente, as uvas Pinot Noir e Chardonnay encontram nas vinhas Vicentino o ambiente ideal para revelar os seus melhores atributos. Nesta gama há três vinhos: um tinto de Pinot Noir, um rosé de Pinot Noir e um branco de Chardonnay.
Produzido recentemente, o Espumante “La Mer” é novidade desta gama.
Gama Naked: Vinhos puros e descomplicados, sem madeira,que procuram transmitir a essência de um lugar único, onde o mar, a praia, o sol e a areia convidam a momentos ao ar livre, com espírito aberto e alegria. Composta por três vinhos: um branco, um rosé e um tinto
Provámos o espumante La Mer, um blend de Chardonnay e Pinot Noir, um 2019 que revelou uma excelente acidez, muito fresco, boa bolha e com um final muito bom.(PVP 40€)
Nos brancos tranquilos provámos o Chardonnay 2021, um vinho com sugestão de lichia no aroma, boa mineralidade. Na boca, excelente acidez, com final longo. Muito gastronómico. (PVP 32€).
Seguiu-se o Alvarinho 2021, muito floral, com boa acidez e final longo, com ligeiro amargo, a pedir comida. (PVP 12,49€).
O Reserva Branco 2022 feito meio por meio com Chardonnay e Arinto, estagiado em barricas usadas de 350 litros, mostrou sugestões de casca de laranja e na boca muita frescura e, como os seus irmãos, uma elegante salinidade. (PVP 18,99€).
A prova iniciou-se com um Pinot Noir 2022 muito aberto de cor, notas de groselha no aroma, boa acidez na boca e taninos bastante suaves, com um bom final. (PVP 32€).
Finalmente o mais encorpado de todos, o Reserva Tinto 2017, um 100% Touriga Nacional, com uma aroma muito delicado a frutos vermelhos. Cheio na boca, boa fruta e boa acidez com um final médio. (PVP 18,99€).
Como prometemos no início do texto, impressionou na visita a produção de legumes, (cenouras e couve chinesa à cabeça) e, em estufas gigantes que ocupam dezenas de hectares, onde crescem fetos, eucaliptos e outras verduras destinadas às lojas das floristas. Aliás, em qualquer destes três produtos, Ole Siem é líder europeu.
É fantástico percorrer os caminhos que bordejam as explorações e ver aquele mar de legumes, lindos e extraordinariamente bem cuidados.