Esta terceira prova do calendário do Campeonato do Mundo de Rally-Raid foi dominada por Nasser Al-Attiyah (carros), mas também veio confirmar o talento de vários pilotos portugueses. João Ferreira, nos automóveis, terminou num brilhante 2º lugar da geral; João Monteiro venceu entre os SSV; Armindo Araújo e Ricardo Porém terminaram nos derradeiros lugares do pódio da categoria Challenger; enquanto, nas motos, Bruno Santos triunfou na categoria Rally2 e subiu ao derradeiro lugar do pódio à geral; e Gonçalo Amaral ganhou entre os Rally3.
O príncipe dos Rally-Raid
Com 53 anos e confesso apaixonado por Portugal, o príncipe do Catar é medalhista olímpico na modalidade de tiro e um dos mais bem-sucedidos pilotos de todo-o-terreno, com uma mão cheia de vitórias no Dakar. À chegada a Grândola, depois de cinco dias de competição e de cerca de 1.000 quilómetros disputados ao cronómetro, Nasser Al-Attiyah afirmou: “Portugal é quase a minha segunda casa. Tenho muitos amigos aqui e estou mesmo muito feliz por ganhar esta prova fantástica! Obrigado a todos os fãs e obrigado à organização. Foi uma corrida muito técnica e tivemos de ser inteligentes. Depois da vitória em Abu Dhabi, ganhar aqui é muito importante porque permite-nos passar para a frente do Mundial.”
Mais do que uma promessa, João Ferreira é já um dos maiores talentos mundiais da modalidade. A forma como se bateu com Nasser Al-Attiyah e como se impôs ao colega de equipa na Mini, o lendário Carlos Sainz, é bem revelador do seu talento. “É difícil explicar as emoções que vivi ao longo desta semana. Recebemos um apoio incrível deste público único no mundo, numa prova muito variada e bonita. A tensão era alta porque havia muita atenção à nossa volta, mas correu tudo muito bem e confesso que não imaginava terminar no segundo lugar, na estreia com este carro no W2RC.”
O brasileiro Lucas Moraes (Toyota) foi o vencedor da derradeira etapa, um resultado que lhe permitiu subir ao derradeiro lugar do pódio, por troca com Carlos Sainz. “Que grande luta! Em primeiro lugar, parabéns a toda a organização por ter conseguido montar esta prova. É muito importante termos o Mundial na Europa. Um pódio à geral e vitória nesta etapa são pontos importantes para o campeonato.”
O lituano Rokas Baciuska (Can-Am) foi o sexto classificado e o primeiro da categoria Challenger, enquanto o brasileiro Cristian Baumgart Stroczynski (Toyota), Francisco Barreto (Toyota), Armindo Araújo (segundo entre os Challenger) e o argentino Nicolás Cavigliasso fecharam o top10.
Tosha Schareina vence, Bruno Santos no pódio
Natural de Valência, com 27 anos, Tosha Schareina começou a correr de mota, ainda em criança, influenciado pelo tio que corria em motocross. Com uma carreira em ascensão, o piloto oficial da Honda conquistou, no bp Ultimate Rally-Raid Portugal, a segunda vitória da carreira numa prova do “Mundial”, depois de uma atuação imaculada nos cerca de 1.000 quilómetros de percurso disputados ao cronómetro. “É muito especial ganhar aqui, depois de uma grande prova. Estou muito contente com o que consegui ao longo destas cinco etapas e também fico feliz pela equipa, já que grande parte é de Portugal.”
Residente no concelho de Odemira desde os três anos de idade, o alemão Sebastian Bühler (Hero) foi o principal opositor de Tosha Schareina, tendo terminado a 4m38s do espanhol. “O segundo lugar numa prova do Mundial é muito bom. Depois de uma queda no Dakar, acho que este resultado é a melhor forma de ganhar confiança. Foi uma semana dura. Tive uma penalização de quatro minutos no primeiro dia e, sem isso, podia estar ainda mais próximo da luta pela vitória. O Tosha esteve muito forte, como sempre, parabéns para ele. Acho que a organização fez um trabalho muito bom, a conseguir fazer a corrida mesmo depois da chuva dos últimos dias.”
Com 36 anos, Bruno Santos (Huskvarna) foi um dos heróis portugueses no bp Ultimate Rally-Raid Portugal. Vinte e quatro anos depois de ter a primeira mota, o piloto de Torres Vedras cometeu a proeza de se estrear a vencer na categoria Rally2 e de subir ao derradeiro lugar do pódio na classificação geral de uma prova do Campeonato do Mundo de Rally-Raid. “Foi uma prova espetacular, que superou todas as minhas expetativas. Cada dia foi um desafio diferente e claro que estou muito, mas mesmo muito satisfeito com o resultado.”
O português Gonçalo Amaral (Honda) foi o brilhante vencedor da categoria Rally3, confessando “estar muito feliz com a vitória.”
Artigo por Rui Reis