A Herdade Aldeia de Cima, propriedade de Luísa Amorim e do marido situa-se num dos pontos de maior altitude da Serra do Mendro, mesmo no limite dos distritos de Évora e Beja, entre Portel e a Vidigueira.
Produz vinhos muito interessantes que conseguem juntar todo o saber técnico da actualidade a uma verdadeira memória de práticas antigas. É o caso da gama Myndru, vinho produzido com castas antigas típicas da região, provenientes de vinhas antigas, plantadas em solos muito pobres, com as uvas a fermentarem em recipientes orgânicos, as ânforas de Cocciopesto e Tinajas de barro (respectivamente os depósitos grandes, em forma de talha, do lado esquerdo da foto e os potes mais pequenos, em frente), afinal descendentes modernos da herança milenar que os romanos trouxeram para a região há cerca de dois mil anos, as velhinhas talhas de barro, que nunca deixaram de ser utilizadas para o fabrico do vinho na região.
Os Myndru são vinhos raros e produzidos em pequeníssimas quantidades, fruto de um processo de vinificação tradicional, como atrás referimos.
O Myndru Branco 2022, lançado em meados do ano passado, é uma estreia absoluta e foram apenas produzidas 1400 garrafas. Nasce de um blend de Roupeiro e Perrum (45% cada), com um toque de Alvarinho (10%), castas que estagiaram 16 meses em ânforas Cocciopesto de 1000 litros. Tanto o Roupeiro como o Perrum proporcionam taninos delicados e redondos – refletem a linguagem do solo e o sol alentejano. O primeiro cede textura, o segundo uma frescura aromática distintiva. Elegância e seriedade são palavras que definem este vinho.
Já o Myndru Tinto 2021, lançado também na mesmo altura, com 2000 garrafas produzidas, tem na sua composição as castas Alfrocheiro (50%), Tinta Grossa (30%) e Baga (20%), provenientes de vinhas da Courelas Cevadeira, sendo que 70% do lote estagiou 14 meses em ânforas Cocciopesto de 1000 litros e 30% do lote seis meses em Tinajas Terracota de 150 litros. Os taninos são suaves, embora suculentos, e a frescura, profundidade e sofisticação estão lá. A tonalidade é aberta. Em prova, destacam -se os aromas finos e delicados das frutas vermelhas, mas também as notas balsâmicas a carrasco e esteva. O Alfrocheiro, a suculência e a viscosidade da Tinta Grossa e, no final, a perceção mineral e a tensão encontram origem na Baga, concedendo ao vinho uma riqueza de aromas e sabores muito interessantes.
Fichas técnicas
Myndru Branco
37,50€ | Álc. 13% | Acid. Tot. 6,2 g/l | pH 3,72| Açu. resid. 0,6 gr/l | 1400 grfs
Myndru Tinto
70€ | Álc. 13,8% | Acid. Tot. 5,9 g/l | pH ?| Açu. resid. ?gr/l | 2000 grfs