Há um texto muito bonito no site da casa da Passarella de que desconheço o autor, mas que me atrevo a citar porque sintetiza muito bem o que é o mundo do vinho:
“Nunca se saberá se foi o clima, se foi a terra. Se foi o talento das pessoas que por cá passaram e das suas histórias e personalidades. Ou se terá sido, pura e simplesmente, sorte. A mesma sorte que fez com que tudo se encontrasse no mesmo lugar, na altura certa, como uma bênção de planetas alinhados, de Sol e chuva e da curiosidade dos homens. Uma coisa é certa. Silenciosa e imponente, a montanha tem assistido do alto ao nascimento de grandes vinhos neste pedaço de terra do Dão. E se para ela um século e meio é quase nada, no tempo dos homens muita coisa aconteceu desde que a primeira vinha foi plantada e a primeira pedra da Casa foi colocada, algures pelas últimas décadas do século XIX. 125 anos que foram tudo menos monótonos.”
Desde 1892, a Casa da Passarella tornou-se uma das casas emblemáticas dos vinhos de Portugal, por onde passaram e contribuíram alguns nomes lendários da enologia portuguesa, como os saudosos Dr. Mário Pato e Eng.º. Alberto Vilhena, entre muitos outros.
O primeiro registo de engarrafamento, exposto, é uma garrafa da marca Villa Oliveira com a data de rotulagem de 1893.
Atualmente, a Casa da Passarella tem cerca de 100 hectares, dos quais 50 hectares são de vinha. Estes 50 hectares estão divididos entre sete diferentes vinhas, e cada vinha tem características únicas – não apenas com diferentes exposições mas com uma incrível e original diversidade de castas.
Instaladas no sopé da encosta Oeste da Serra da Estrela e a centenas de metros de altitude, as vinhas centenárias da Casa da Passarella são o berço de vinhos marcados por uma notável elegância.
É foi este produtor do Dão que recentemente apresentou três novas colheitas da gama Villa Oliveira, assinalando, também, o regresso de O Fugitivo Espumante Baga e O Fugitivo Pinot Noir.
Paulo Nunes é o enólogo responsável por todos os vinhos da Passarella desde 2008. Quanto à casa da Passarella, as suas vinhas e adega datam de 1892, quase duas décadas antes da demarcação oficial da região do Dão, que aconteceu em 1908. Na propriedade contam-se sete vinhas centenárias, também conhecidas como as “sete magníficas”.
Notas de prova
Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas 2017, que nasce de uma vinha com mais de 90 anos, onde constam várias castas autóctones – Baga, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Alvarelhão, entre outras –, todas elas colhidas à mão. Após uma fermentação espontânea em cuba de cimento com maceração pré e pós-fermentativa, seguiu-se um total de 36 meses de estágio em tonel de madeira de 3 mil litros, permitindo a estabilização natural deste vinho, excluindo a necessidade de filtração. O vermelho opaco é tom dominante em prova, com os aromas a frutos vermelhos a marcarem o palato de um vinho que consegue ser encorpado, fresco e elegante. A longevidade é uma promessa, ainda que esteja pronto a consumir, e o final de boca longo e persistente.
54,5€ | Álc. 13,5% | Acid. Tot. 6,3 g/l | pH 3,41| Açu. resid. 1,1 gr/l | 3600 garf.
Villa Oliveira Vinha Centenária Pai D’Aviz 2018 é fruto de castas originárias da região, provenientes de uma vinha centenária, entre elas a Baga, o Jaen, a Tinta Amarela, a Tinta Pinheira, entre outras – também elas colhidas manualmente. À fermentação espontânea em lagar de granito com engaço parcial seguiu-se um estágio de 36 meses em tonel de 2500 litros, permitindo também uma estabilização natural do vinho, não existindo, assim, a necessidade de qualquer processo de filtração. Este é um vinho de cor aberta, com notas aromáticas de frutas silvestres, terrosas, florais e ainda vegetais, lembrando os grandes vinhos clássicos do Dão da década de 1960.
54,5€ | Álc. 12,5% | Acid. Tot. 5,97 g/l | pH 3,42| Açu. resid. 1 gr/l | 3600 garf.
Villa Oliveira Touriga Nacional 2018 expressa a vontade de fazer um monocasta de uma única vinha com mais de 80 anos. Uma vindima altamente seletiva, considerando as inúmeras castas que vinhedos antigos acomodam, que dá origem a um Touriga Nacional clássico – de perfil encorpado, fresco e elegante, frutos vermelhos com notas especiadas no nariz e um final de boca longo.
49€ | Álc. 14% | Acid. Tot. 6,73 g/l | pH 3,37 | Açu. resid. 1,1 gr/l | 2500 garf.
Fugitivo Pinot Noir 2021 é um vinho que resulta resulta de uma dedicação profunda e antiga à casta Pinot Noir, utilizada na Casa da Passarella há mais de um século. Para fazer nascer a mais recente colheita, a fermentação espontânea ocorreu em lagar de granito com engaço parcial, à qual se seguiu um estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês usadas. Aberto de cor, tal como é esperado da uva, mostra-se elegante em boca, dono de uma textura delicada e de uma complexidade atraente.
32€ | Álc. 13% | Acid. Tot. 6,89 g/l | pH 3,24 | Açu. resid. 1 gr/l | 2000 garf.
Fugitivo Espumante Baga 2018 é um espumante que resulta da recuperação dos ensaios sobre espumantização, realizados nos anos 1930 e 1940, feitos pelo Dr. Mário Pato. Elaborado como à época, fazendo-se uso do método clássico e da Baga, apresenta uma cor a lembrar casca de cebola (que algumas pessoas até poderão confundir com um vinho rosé, que não é), aromas de fruta vermelha mesclados com apontamentos vegetais e notas tostadas. A segunda fermentação em garrafa (tiragem) iniciou-se em Julho de 2020, onde estagiou sobre borras finas (sur lies) durante 46 meses, procedendo-se ao seu degórgement no-dosage em maio de 2024. A elegância é omnipresente e junta-se à delicadeza e grande complexidade que o definem.
45€ | Álc. 12% | Acid. Tot. 7,74 g/l | pH 2,97 | Açu. resid. 1,2 gr/l | 2500 garf.
Sobre a Casa da Passarella
A Casa da Passarella pertence à nobre região demarcada do Dão (sub-região Serra da Estrela). Esta é uma região que produz vinhos que têm vindo a conquistar os quatro cantos do mundo. A Casa da Passarella dedica-se à produção e à comercialização de vinhos de elevada qualidade, sob a batuta de Paulo Nunes, na direção da enologia desde 2008, e data de 1892 – quase duas décadas antes da demarcação oficial da região do Dão. Na propriedade contam-se sete vinhas centenárias, também conhecidas como as “sete magníficas”.