A New Men apanhou a linha amarela e verde do metro de Lisboa, na passada quarta-feira, dia 10 de maio, para perceber como é que as obras estão a afetar a circulação.
Eram 18h43 quando uma multidão aglomerava-se na estação do Campo Grande junto à linha verde do metro, que não está habituada a ter tanto público a olhar para ela. As obras, que arrancaram dia 2 de maio e decorrem até 7 de julho, vieram condicionar a circulação das pessoas cujos horários de vida não mudaram mas têm de adaptar-se ao corte do trajeto e à redução das carruagens.
O painel alertava para a existência de obras mas o sítio onde deveria constar a contagem decrescente de tempo para passar o metro, dava lugar a uma mancha preta. Nesse meio tempo, o metro da linha amarela, cuja estação terminal é agora o Campo Grande, continuava a largar pessoas, que se viam obrigadas a trocar para a linha verde, impedidas de seguir na carruagem que costuma ter mais 7 paragens pela frente.
A impaciência apalpava terreno quando finalmente chegava um metro a ameaçar rebentar pelas costuras. Nas três carruagens, encontravam-se as mesmas pessoas que, na ausência das obras, costumam espalhar-se pela tradicionais seis. As portas abriram e lá de dentro saiu primeiro uma lufada de ar quente que chocou com o vento que se fazia sentir na estação aberta. Com esforço, abriu-se um corredor para separar quem estava desejoso de sair e quem estava desejoso de entrar.
“Este corredor é pequeno”, comentou em tom de desagrado uma passageira que, encolhida, passava pelas pessoas que, por sua vez, tentavam suster a respiração e encolher a barriga ao máximo para deixá-la passar.
Não houve sequer tempo de esvaziar o metro por completo. Empurradas num lado e esmagadas de outro, as pessoas faziam caber onde já não cabia e o metro da linha verde, que parte agora do Campo Grande, lá conseguiu fechar as portas. Os passageiros entreolhavam-se resignados e ansiosos por chegar a casa depois de um dia de trabalho ou de aulas, denunciado pelas mochilas e pastas, entretanto no ar, já que atrás das costas havia lugar para mais um.
Se em condições normais as pessoas não se tocam com as pernas ou os braços por não passarem de meros desconhecidos, ali estavam coladas umas às outras e nem a inércia balançava o corpo. “Ao menos não é preciso agarramos-nos”, riu-se uma jovem a conversar com o namorado.
“Próxima paragem… Alvalade”, ouve-se uma voz pausada feminina vinda dos altifalantes dentro do metro. E quando finalmente chegou à segunda estação, ao fim daquilo que pareceu uma eternidade, a cara de quem queria entrar desanimava-se. Alguns tentavam a possibilidade, outros desistiam só de pensar no esforço inglório, mas poucos foram os que se atreveram a sair.
O cenário parecia-se com as carruagens da CP aquando das greves, que obrigou a uma travagem imediata, após um passageiro puxar a alavanca de emergência. Aqui por mais tentador que fosse, não aconteceu.
“O covid já não existe?”, indagou uma mulher que queria fazer-se ouvir. Mas até onde os olhos conseguiam chegar, por entre umas cabeças mais altas do que outras, só uma pessoa é que estava de máscara.
Seguiu-se a paragem na estação de Roma que escoou alguns passageiros e deu algum espaço, embora a respiração nos ombros destapados ainda conseguisse sentir-se.
“Próxima paragem… Areeiro” e as portas que alertam que vão fechar rápido, permaneciam abertas por mais tempo para permitir a saída e a entrada demorada, enquanto se ouviam repetidos “com licença” de quem tentava ver a luz do dia.
Quando finalmente se saiu e foi possível caminhar, tornou-se a respirar ar puro e a vestirem-se os casacos devido ao vento que soprava lá fora.
Recorde-se que de 2 de maio a 7 de julho, a circulação de comboios estará interrompida, na linha Verde, entre as estações Telheiras e Campo Grande e na linha Amarela, entre Campo Grande e Cidade Universitária. Estas alterações são justificadas pela realização de trabalhos na via-férrea com vista a avançar com o plano de expansão da rede do Metropolitano de Lisboa.
Conheça as medidas para mitigar o impacto das obras a partir do dia 20 de junho
Na passada quarta-feira, o Metro de Lisboa lançou um comunicado a informar que irá colocar em prática um conjunto de medidas com o objetivo de mitigar os constrangimentos causados com o encerramento provisório da estação Telheiras e do troço Campo Grande/ Cidade Universitária:
- Retoma da circulação de comboios com 6 carruagens na linha Verde, no dia 20 de junho, podendo esta data ser, ainda, antecipada, caso existam condições operacionais para o efeito;
- Início da circulação de comboios com 4 carruagens no troço Odivelas/Campo Grande da linha Amarela, no dia 20 de junho (o troço Cidade Universitária e Rato continua a funcionar com comboios de 6 carruagens);
- Reforço de equipas com pessoal próprio e com recurso a vigilantes na estação do Campo Grande e noutras que se justifiquem, para ajudar a circulação das pessoas para a entrada e saída dos passageiros das composições;
- Autocarro em modo vaivém entre Cidade Universitária e Campo Grande para servir clientes do Metropolitano de Lisboa, nos dias de jogo no Estádio José Alvalade (13 e 21 de maio) e na Bênção de Finalistas (20 de maio).