O INE realizou um estudo no decorrer do ano de 2023 e concluiu que mais de 1,2 milhões de residentes em Portugal já sofreram de discriminação.
Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que mais de 1,2 milhões de pessoas em Portugal – equivalente a 16,1% da população – já foram vítimas de discriminação. Os dados foram apresentados como parte do Inquérito às Condições de Vida, Origens e Trajetórias da População Residente em Portugal (ICOT) e revelaram uma preocupante disparidade nos grupos étnicos e demográficos.
De acordo com os resultados, o grupo mais afetado pela discriminação étnica é a comunidade cigana, com 51,3% das pessoas desta comunidade a afirmarem que já foram discriminadas. Logo a seguir, estão as pessoas negras, com uma taxa de discriminação de 44,2%, e aqueles com “pertença mista”, com 40,4%.
Os dados também revelam que a discriminação não se limita apenas a fatores étnicos, visto que também atinge outras categorias sociais. Desempregados (24,9%), jovens (18,9%), pessoas escolarizadas (18,3%) e mulheres (17,5%) foram identificados como grupos particularmente vulneráveis.
O INE refere ainda que “mais de 4,9 milhões de pessoas (65,1%) consideram existir discriminação em Portugal e 2,7 milhões (35,9%) já testemunharam esse tipo de situações” e que os fatores mais proeminentes na discriminação percebida e testemunhada incluem o grupo étnico, a cor da pele, a orientação sexual e o território de origem.
Este estudo, que teve início em janeiro de 2022, abrangeu mais de 35.000 habitações e procurou explorar várias questões, como a origem étnico-racial das pessoas residentes em Portugal há pelo menos 12 meses, e foi realizado após a decisão do INE de não incluir nos Censos 2021 uma pergunta sobre essa matéria, tal como era pretendido pela maioria dos membros do grupo de trabalho criado em 2019 pelo Governo para avaliar a respetiva questão.