O julgamento do BES voltou ao Campus de Justiça a previsão é um prolongamento do julgamento “por tempo significativo” e o arguido principal, Ricardo Salgado foi dispensado.
Dez anos após a queda do Banco Espírito Santo (BES), em agosto de 2014, o processo volta a ser discutido no Campus de Justiça, em Lisboa. Durante a manhã desta terça-feira, dia 15, Ricardo Salgado voltou ao tribunal, para uma possível solução no que pode ser o maior processo da história da justiça portuguesa.
Durante as 8h da manhã os lesados pela queda do BES realizaram um protesto, o “funeral das poupanças” que foi uma iniciativa da Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) e da Associação de Lesados (ALEV). Até ao dia de hoje, quase dois mil lesados ainda não “viram luz ao fim do túnel” com uma resposta para as suas perdas.
Na audiência, a defesa propôs que após o procedimento de identificação Ricardo Salgado, acusado de 62 crimes, fosse dispensado “de ficar na audiência e de comparecer nas seguintes”. Assim, o antigo banqueiro foi dispensado pelo conjunto de juízes de todas as audiências e saiu pela garagem.
O advogado de defesa afirmou ter-se aberto “uma página negra na justiça portuguesa”. As respostas dadas pelo antigo banqueiro não foram claras, uma vez que, deu a morada errada, errou o nome da mãe e não soube dizer a data de nascimento.
Um primeiro dia que foi focado em ouvir diversas exposições introdutórias entre advogados e arguidos. O processo BES conta com 18 arguidos, num total de 361 crimes e serão ouvidas 700 testemunhas. Mais de 1 600 lesados ainda não receberam o dinheiro.
O advogado Miguel Matias, representante da Petróleos Venezuela (PDSA) defendeu que o foco devia estar nas vítimas, destacando que “alguém do Banco de Portugal devia estar ali sentado”.
O Ministério Público (MP) referiu que Ricardo Salgado exerceu “o poder de forma autocrática”, considerando que o ex-banqueiro se apropriou do património de outras pessoas no colapso do Grupo Espírito Santo (GES).
A procuradora destacou alguns dos factos que constam na acusação, entre as 4 000 páginas, devido à limitação de 15 minutos para realizar a sua exposição. Considerou o prolongamento do julgamento “por tempo significativo”. Ainda salientou que o ex-banqueiro deu ordens a “um grupo restrito de pessoas”, presentes no julgamento de hoje.
De acordo com as informações dadas pelo Ministério Público a queda do GES causou prejuízos superiores a 11,8 milhões de euros.