Em entrevista à New Men, o Dr. Nuno Tomada, urologista e andrologista na MS Medical Institutes, abordou questões fundamentais sobre a saúde sexual masculina, destacando a importância da prevenção e do acompanhamento regular para garantir o bem-estar físico e emocional dos homens.
Que tipo de exames se podem realizar de forma rotineira para uma prevenção da saúde sexual assegurada?
Infelizmente, a rotina das consultas de prevenção de urologia ou andrologia na adolescência nos rapazes não está tão estabelecida quanto nas raparigas, pelo que estes acabam por não ter um acompanhamento tão regular.
Esta falta de acompanhamento acaba por se transferir para a idade adulta e muitas vezes os homens só procuram ajuda ou acompanhamento médico numa fase adiantada da doença.
Assim, o ideal seria que o sexo masculino tivesse logo desde a adolescência consultas de avaliação, de educação sexual e de prevenção da infeções sexualmente transmissíveis, mantendo posteriormente este hábito como rotina.
Entre os exames a fazer durante uma consulta de saúde sexual masculina, existem exames essenciais que devem ser considerados. Entre eles, incluem-se:
Exame físico geral, que pode incluir a avaliação da próstata, testículos e pénis.
Exames de sangue, como o controlo dos níveis de testosterona, glicose, colesterol, e marcadores de doenças sexualmente transmissíveis.
Avaliação da função erétil, que pode envolver questionários clínicos ou exames mais específicos, como o EcoDoppler peniano, em casos de disfunção erétil.
Exame ao PSA (Antigénio Prostático Específico), para rastrear possíveis problemas na próstata, especialmente em homens com mais de 50 anos.
Mas, cada caso é um caso e o histórico familiar também deve ser considerado. O mais importante é salientar sempre que a prevenção é o melhor remédio e que a deteção precoce de sintomas permite tratamentos mais eficazes e uma melhor qualidade de vida.
- As inseguranças com o corpo podem afetar, de alguma forma, a prestação do homem na relação?
São muitos os mitos sexuais no homem que podem afetar a auto-estima e as relações porque geram expetativas irrealistas, ansiedade e pressão, que levam a inseguranças desnecessárias que comprometem a prestação sexual do homem.
Entre os principais mitos está a duração da relação sexual para gerar satisfação na parceira, o número de vezes que é “normal” ter sexo ou se o tamanho importa. Temas que são abordados entre os homens, que são influenciados por pornografia ou expetativas irreais e que fazem com que o indivíduo que não se enquadra, sinta que a sua situação é “anormal”.
Mas, a verdade é que a satisfação sexual não se mede apenas pela duração do ato, sendo a média de tempo para atingir o orgasmo no homem de cerca de 5 minutos. Quantidade também não é sinónimo de qualidade, e é algo que depende de casal para casal e, por último, mas não menos importante, o tamanho tem pouca ou nenhuma relação com a satisfação sexual da maioria das mulheres, porque uma proporção muito significativa das mulheres não atinge o orgasmo por via da penetração vaginal. As terminações nervosas da mulher encontram-se na parte exterior da vagina, o que torna a estimulação clitoriana e os preliminares mais relevantes para o prazer sexual de muitas de elas.
É importante que os homens tenham conhecimento destes mitos, de modo que possam relaxar e perder as inseguranças que existem apenas na sua cabeça.
- A disfunção ejaculatória é uma insegurança para muitos homens. Existem maneiras de a tratar?
Existem diversas disfunções sexuais masculinas que geram insegurança, mas que têm tratamento. O importante é que os homens não tenham receio de abordar o tema, não tenham receio de procurar ajuda e, muito importante, que tenham abertura suficiente para falar com a sua parceira e resolverem, juntos, estes problemas.
Entre as mais comuns temos a Disfunção Erétil, que é a incapacidade de alcançar ou manter uma ereção firme o suficiente para uma relação sexual satisfatória. E que pode ser tratada com medicamentos orais (como inibidores da fosfodiesterase tipo 5, como o sildenafil), terapia hormonal em casos de baixos níveis de testosterona, dispositivos de vácuo, ou, em situações graves, intervenção cirúrgica com próteses penianas. Também se recomenda terapia psicológica porque pode ser útil se o problema tiver raízes emocionais.
Existe ainda a Ejaculação Precoce, que ocorre antes ou pouco depois da penetração, com mínima estimulação sexual, cujo tratamento pode ser feito com terapias comportamentais (exercícios para aumentar o controlo sobre a ejaculação), cremes anestésicos tópicos, ou medicamentos orais. A terapia sexual também pode ajudar a melhorar a comunicação e reduzir a ansiedade.
Por último, existe a Ejaculação Retardada, que é a dificuldade ou incapacidade de ejacular, mesmo com estimulação sexual prolongada. Neste caso, recomenda-se alterações no estilo de vida, terapia sexual, medicamentos ou tratamento de condições subjacentes, como doenças neurológicas ou uso de determinados fármacos.
Mas, uma vez mais, a consulta de um médico especialista é sempre a melhor opção para se avaliar qual a disfunção existente e qual o tratamento mais eficaz para cada caso.
- A masturbação é prejudicial para a saúde sexual do homem?
A masturbação é uma prática sexual que não tem qualquer consequência negativa para a saúde do homem. É inclusivamente uma forma saudável de se explorar a sexualidade individual de cada um.
- Tomar suplementos e vitaminas pode de alguma forma alterar a saúde sexual?
Não se trata de alterar, mas o recurso a suplementos e multivitamínicos podem contribuir para aumentar a líbido, aumentar a potência sexual, aumentar o desejo sexual ou aumentar a circulação sanguínea que contribuiu para um melhor desempenho sexual. Contudo, existem disfunções que requerem tratamentos específicos e que não se resolvem apenas com a suplementação.