Segundo o Copernicus, desde o mês de junho de 2023 que o planeta Terra tem registado temperaturas recorde em todos os meses.
O programa europeu de observação do planeta Terra, Copernicus, anunciou esta terça-feira (9 de abril) que o mês de março de 2024 estabeleceu um novo recorde preocupante para todos nós, visto que foi o décimo mês consecutivo de temperaturas recordes a nível global. Neste mês de março, tanto as temperaturas do ar como as dos oceanos atingiram níveis históricos, com uma média de 14,14ºC, superando assim o anterior recorde de 2016 por um décimo de grau.
Este fenómeno de temperaturas recorde não é isolado, mas sim parte de uma tendência contínua que começou no mês de junho do ano passado, onde o planeta Terra tem vivenciado um calor recorde mês após mês. A combinação de fatores naturais, como o forte El Niño – condição climática que aquece a zona central do Pacífico e altera os padrões climáticos globais –, e as influências humanas, como as ondas de calor marítimas não naturais, contribuíram para esta situação.
A cientista do Centro de Investigação Climática Woodwell, Jennifer Francis, expressou a sua preocupação com a combinação destes fatores, ao afirmar que “a combinação deste [El Niño] com as ondas de calor marítimas não naturais fez com que estes recordes fossem de cortar a respiração”.
Apesar das previsões de que a desaceleração do El Niño poderia diminuir as margens destes recordes de temperatura do planeta Terra, os cientistas alertam que o problema subjacente permanece e que as mudanças climáticas causadas pela atividade humana continuam a ser o principal motor destas temperaturas extremas, que se têm revelado ao longo dos últimos 10 meses.
“A trajetória não vai mudar enquanto as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera não pararem de aumentar”, realçou Jennifer Francis.
Estes dados preocupantes reforçam a urgência da existência de ações globais para combater as mudanças climáticas. De relembrar que todos os países do mundo se comprometeram, com o Acordo de Paris, a limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. No entanto, os registos do Copernicus mostram que já houveram 12 meses em que as temperaturas médias mensais no planeta Terra registaram 1,58ºC acima do valor acordado.
A diretora-adjunta do Copernicus, Samantha Burgess, afirma que embora o mês de março tenha marcado um novo recorde, outros meses do ano passado foram ainda mais excecionais no que diz respeito ao calor extremo. Porém, alerta ainda que a “trajetória das temperaturas globais não está na direção certa” e que a ação é urgentemente necessária para evitar consequências catastróficas no futuro próximo.