A aviação tem uma pegada ambiental enorme. Uma das razões está associada ao consumo de enormes quantidades de combustível. Mas um piloto consegue reduzir a média de consumo como se tratasse de um condutor num automóvel?
A prática de voar de maneira mais consciente, com foco na minimização do consumo de combustível e das emissões começa no cockpit. A Emirates divulgou um conjunto de “procedimentos operacionais verdes” (“Green Ops”) em que identifica oportunidades para reduzir o uso de combustível, tanto em terra como durante os voos, fornecendo aos pilotos as ferramentas necessárias para gerirem os seus voos da forma mais eficiente possível, incluindo capacitação, sensibilização, análise de dados e utilização de tecnologia.
O intuito é reduzir a queima desnecessária de combustível e as emissões sempre que possível, mantendo os mais altos padrões de segurança. De acordo com a Emirates, em comunicado, no último ano fiscal de 2023-2024, as “Operações Verdes” e outras iniciativas operacionais contribuíram para uma redução de mais de 48.000 toneladas na queima de combustível e de mais de 151.000 toneladas nas emissões de carbono.
Apesar de várias destas medidas operacionais adotadas no ar e em terra, visando a redução do consumo desnecessário de combustível e das emissões “sempre que operacionalmente viável” dizerem respeito aos voos da Emirates, elas poderão também ser encontradas noutras companhias aéreas. Aqui estão algumas das principais medidas da Emirates:
Combustível extra discricionário
O piloto tem a responsabilidade final de assegurar que cada voo levanta com uma quantidade adequada de combustível para operações seguras. Dependendo da avaliação das circunstâncias operacionais vigentes, o piloto pode optar por incluir combustível extra para além do mínimo estipulado pelas normas regulamentares. Esta iniciativa tem por objetivo incentivar o piloto a solicitar combustível adicional com base numa avaliação bem fundamentada e necessidades operacionais legítimas. O objetivo é fornecer aos comandantes dados e análises relevantes, auxiliando-os na tomada de decisões mais informadas e precisas relativamente ao abastecimento de combustível adicional. Com esta abordagem, observou-se uma significativa redução no abastecimento de combustível extra discricionário.
Otimização da velocidade de voo
A velocidade de um avião tem impacto direto no consumo de combustível e nas emissões. Para calcular com precisão a velocidade ideal para um voo, são considerados diversos fatores com base num cálculo detalhado, visando minimizar os custos operacionais totais e garantir o cumprimento dos horários de partida e chegada. Dependendo das condições de operação vigentes, os pilotos podem ter a oportunidade de ajustar a velocidade para reduzir o consumo de combustível sem comprometer a pontualidade do voo.
Aterragem com configuração de flaps reduzida
Os aviões têm a capacidade de aterrar através de uma variedade de configurações de flaps, os dispositivos localizados nas asas dos aparelhos que permitem a descolagem. Os pilotos avaliam cuidadosamente e selecionam a configuração de flaps que minimiza a resistência aerodinâmica, reduzindo assim o consumo de combustível. Esta decisão é tomada sem comprometer a segurança e é adaptada às diferentes condições da pista de aterragem.
Impulso invertido em marcha lenta
Após a aterragem do avião, os pilotos têm a possibilidade de utilizar diferentes níveis de inversão de impulso, os quais permitem um estímulo reverso para desacelerar o avião. Com base nas condições em causa e no comprimento da pista, os pilotos darão prioridade à utilização da inversão de impulso em marcha lenta para reduzir o consumo de combustível.
Taxi-in com motor reduzido (RETI)
Durante a rolagem no solo após a aterragem, os aviões não necessitam da potência de todos os motores. Os pilotos da Emirates têm muitas formas para realizarem essa rolagem no solo com motor reduzido após a aterragem, desligando um ou dois motores (dependendo da configuração do motor do avião). Esta prática é implementada sem comprometer a segurança ou a eficiência operacional. Desde a sua introdução, a utilização do RETI aumentou quase sete vezes.
Rotas de voo otimizadas
A Emirates tem utilizado rotas de voo flexíveis desde 2003. Trabalhando diretamente com o controlo de tráfego aéreo e com outros organismos da indústria em toda a sua rede, a companhia aérea esforça-se para otimizar cada rota percorrida entre cidades. A otimização das rotas permite transportar e utilizar menos combustível nos voos, resultando numa redução das emissões. Tal também significa poupança de tempo para os passageiros.
Tecnologia e Inovação – Flight Pulse
A Emirates introduziu o FlightPulse – desenvolvido em colaboração com a GE Digital Aviation Services –, uma ferramenta analítica de dados self-service acessível a todos os seus pilotos, incorporando elementos cruciais de dados operacionais relativos à segurança e ao desempenho da eficiência de combustível de cada voo. Esta ferramenta, realça a Emirates, transformou significativamente a monitorização dos dados das operações de voo, promovendo
uma melhor colaboração entre a gestão das operações de voo e a comunidade de pilotos da Emirates, aumentando a segurança e a eficiência dos voos.
Otimização do centro de gravidade
O centro de gravidade (CG) de um avião influencia significativamente a segurança e a eficiência de um voo. Carregar o avião de acordo com o centro de gravidade otimizado garante o peso e o equilíbrio adequados, aumentando a sua eficiência aerodinâmica e economizando combustível.
Utilização da unidade de energia auxiliar (APU)
Uma das formas que a Emirates encontrou para reduzir o consumo de combustível em terra é minimizar o uso da unidade de energia auxiliar (APU) do avião, optando pela utilização da unidade de energia elétrica em terra (GPU) para reduzir as emissões. Desde a introdução desta iniciativa, a utilização da APU foi reduzida em mais de 30%.
Ajuste no abastecimento de água potável
A Emirates utiliza um método científico para calcular a quantidade necessária de água potável para cada voo, de modo a reduzir o peso do avião e tornar o abastecimento de combustível mais eficiente. Cada voo transporta a quantidade necessária de água potável necessária, sem comprometer o conforto dos passageiros.