Enquanto os dispositivos elétricos inativos permanecem esquecidos em gavetas e armários, estamos a perder uma oportunidade de reduzir o impacto ambiental e aproveitar os recursos de maneira eficiente.
No dia 14 de outubro, a 7ª edição do Dia Internacional dos Resíduos Elétricos traz à tona uma questão preocupante: as casas europeias abrigam 700 milhões de telemóveis avariados ou sem uso. Esse dado alarmante destaca a tendência crescente de acumulação de equipamentos elétricos e eletrónicos, que, além de perderem utilidade, acabam contribuindo para o problema global dos resíduos elétricos.
A Electrão, entidade responsável pela gestão de resíduos elétricos, revela números que reforçam a gravidade da situação. Anualmente, são produzidas 62 milhões de toneladas de resíduos elétricos no mundo, das quais cerca de 20 milhões de toneladas correspondem a pequenos equipamentos. No entanto, apenas 12% são corretamente reciclados. O restante acaba por ser descartado de forma inadequada ou permanece nas casas, acumulando-se sem que os consumidores tenham noção do seu impacto ambiental.
Mas qual é o problema de acumular equipamentos elétricos avariados em casa? À primeira vista, pode parecer inofensivo manter esses dispositivos guardados, mas a realidade é mais complexa. Esses aparelhos contêm componentes potencialmente perigosos, como baterias de lítio, mercúrio, chumbo e cádmio, que podem derramar-se com o tempo. Esses materiais são altamente tóxicos e, se não forem manuseados corretamente, podem contaminar o solo e a água, além de representarem um risco para a saúde humana.
Outro fator a considerar é a perda económica. Enquanto os equipamentos permanecem fora de uso, os materiais valiosos que contêm, como cobre, ouro e outros metais raros, ficam inacessíveis e não podem ser reciclados para utilizar em novos produtos.
Um dos maiores desafios é que um em cada quatro desses equipamentos é despejado no lixo indiferenciado, um erro grave que se traduz na perda de materiais valiosos. O relatório da ONU Global E-Waste Monitor 2024 alerta que 14 milhões de toneladas de resíduos são desperdiçados anualmente.
O impacto ambiental não se restringe à acumulação ou ao desperdício de materiais preciosos. A má gestão dos resíduos elétricos também impede uma redução significativa das emissões de CO2, já que obrigam à extração de matérias-primas novas. Se fossem corretamente reciclados, os equipamentos em fim de vida poderiam cortar 93 mil milhões de quilos de CO2 por ano, o equivalente às emissões anuais de mais de 20 milhões de automóveis. Esses materiais poderiam ser reaproveitados, apoiando o fabrico de novos produtos e a transição para um futuro mais digital e ecológico.