Esta primeira semana do ano de 2024 vai ser marcada por uma greve intercalada dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP).
Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) iniciaram, esta terça-feira (2 de janeiro), o primeiro de dois dias de greve intercalados – o outro dia será esta quinta-feira (4 de janeiro) –, que irão provocar “perturbações significativas” na circulação dos comboios em todo o território nacional, conforme anunciado pela CP – Comboios de Portugal.
Esta paralisação tem como motivação as condições de trabalho e os vencimentos dos profissionais envolvidos, vai abranger diversas áreas, como operação, comando, controlo, informação, gestão de circulação e conservação ferroviária da Infraestruturas de Portugal e que, de acordo com os dados divulgados pela CP, entre as 00h00 e as 08h00 desta terça-feira, levou à suspensão de 140 dos 252 comboios programados – o equivalente a 55,6%.
Adriano Filipe, presidente da Aprofer – Associação Sindical dos Profissionais do Comando e Controlo Ferroviário, explicou à agência Lusa que as razões para esta greve no início do ano de 2024 são as mesmas da paralisação convocada em setembro de 2022, lembrando também que a Infraestruturas de Portugal se tinha comprometido a negociar um acordo, mas isso ainda não ocorreu.
“O acordo seria fechar as negociações e compromisso de paz social até 31 de dezembro de 2023, mas face ao incumprimento por parte da IP, resolvemos decretar greve a partir do início de janeiro e será uma greve que, até que haja um acordo ou uma mudança de posição irá continuar”, referiu Adriano Filipe.
Os cerca de 300 trabalhadores, principalmente distribuídos nos Centros de Comando Operacionais (CCO), que supervisionam toda a operação ferroviária a nível nacional, exigem a regularização da sua profissão, alegando que “há 17 anos que novos postos de trabalho carecem de uma regularização do funcionamento e, portanto, nós trabalhamos ainda nos moldes da antiga CP”. Estes trabalhadores solicitam “uma diferença de remuneração em relação àquilo que se paga nas estações”, onde consideram que “um trabalhador que está numa estação tem uma responsabilidade muito local e nós temos uma responsabilidade nacional, num posto altamente tecnológico, que concentra a circulação e manutenção toda do país inteiro, e que exige um grau de concentração muito elevado, com os trabalhadores a terem de gerir manobras, circulação, acidentes, avarias, entre outras tarefas”.
Para além de terça-feira e de quinta-feira (2 e 4 de janeiro, respetivamente), esta greve pode ainda afetar a circulação dos comboios na quarta-feira e na sexta-feira (3 e 5 de janeiro, respetivamente) e ir para lá desta primeira semana do ano, até que haja um acordo ou uma mudança de posição por parte da Infraestruturas de Portugal.
Porém, numa nota publicada pela CP, durante estes dias serão garantidos os serviços mínimos, incluindo a circulação do Alfa Pendular, Intercidades, Regional, InterRegional e Internacional e os Comboios Urbanos do Porto, de Coimbra e de Lisboa.
Nessa mesma nota, a CP assegura o reembolso total do valor dos bilhetes ou a troca gratuita para outros comboios da mesma categoria e classe para os clientes que já adquiriram a viagem para os serviços que estão afetados. O processo pode ser realizado até 15 minutos antes da partida do comboio da estação de origem do cliente, através da plataforma myCP ou em qualquer bilheteira. Após este prazo e até 10 dias após o término da greve, os clientes podem solicitar o reembolso através do preenchimento de um formulário online.