Mafra, Almada, Odivelas, Matosinhos e Gondomar registam aumentos expressivos, enquanto a compra revela tendências mistas
O mercado imobiliário português continua a demonstrar uma mudança no padrão de procura por habitação, com as zonas periféricas a ganharem cada vez mais destaque, especialmente no segmento de arrendamento e em apartamentos. Segundo os mais recentes dados do Imovirtual, o interesse por arrendamento em algumas regiões próximas dos grandes centros urbanos registou um aumento significativo nos últimos 90 dias, reforçando a tendência de descentralização da procura habitacional.
No concelho do Porto, a procura por apartamentos para arrendar registou um crescimento expressivo de 33% nos últimos três meses. Já no concelho de Lisboa, o crescimento foi de 14%. Na área periférica do Porto, Gondomar acompanhou esta tendência, com um crescimento de 37% na procura por arrendamento e Matosinhos 11%. Já na Área Metropolitana de Lisboa, Mafra registou uma subida de 24%, Almada cresceu 21% e Odivelas teve um aumento de 11%, confirmando que as periferias das grandes cidades continuam a ser opções atrativas para quem pretende alugar casa.
No que diz respeito à compra de imóveis, a tendência é menos uniforme. Enquanto Matosinhos registou um aumento de 12% na procura, Gondomar 9% e Maia 20%, outros concelhos como Mafra (-2%) e Vila Nova de Gaia (-0,2%) registaram ligeiras quebras na procura por apartamentos para venda.
Apesar do crescimento da procura por arrendamento e da valorização de algumas regiões periféricas, Lisboa e Porto continuam a ser os concelhos com maior procura em números absolutos. Ainda assim, a pressão dos preços nestas cidades tem levado muitas famílias e jovens profissionais a considerar alternativas fora dos grandes centros urbanos.
Este aumento da procura nas zonas periféricas pode ser explicado por diferentes fatores. O custo elevado da habitação em Lisboa e no Porto continua a ser um fator determinante na decisão dos consumidores, levando-os a procurar alternativas mais acessíveis em concelhos próximos. Além disso, a crescente flexibilidade no mercado de trabalho e o teletrabalho têm permitido que mais pessoas escolham viver em locais onde o custo de vida é mais equilibrado e a qualidade de vida superior, sem comprometer o acesso às capitais. A melhoria das infraestruturas de transportes e das redes de mobilidade também tem facilitado este movimento, tornando áreas como Mafra, Almada, Odivelas, Matosinhos e Gondomar opções viáveis para quem trabalha em Lisboa ou no Porto.
Com o mercado imobiliário a enfrentar desafios como a escassez de oferta e o aumento das taxas de juro, estas mudanças no comportamento dos consumidores continuarão a moldar o setor nos próximos meses. A valorização das periferias pode redefinir o mapa das preferências habitacionais em Portugal, consolidando-se como uma alternativa viável tanto para quem pretende arrendar como para quem está à procura de oportunidades para comprar casa.