A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) realizou uma vez mais o encontro num dia na região sob o mote “Vindima de Fernão Pires: da Vinha ao Vinho” que este ano teve lugar na Quinta da Alorna, em Almeirim.
O dia começou com uma ida ao campo, para participação na vindima, e já na adega com escolha de cachos e pisa a pé.
Seguiu-se uma prova didática com monocastas de vários produtores quase sempre conduzida pelos enólogos que os fizeram e pelo sommelier Rodolfo Tristão. Uma amostra de como a casta Fernão Pires dá para tudo, desde vinhos simples, até super-encorpados, curtimentas e até Pet Nat. Depois veio o almoço, servido na vinha.
Promovida pela CVR Tejo, com estreia em 2018, esta é uma das várias iniciativas que a entidade tem vindo a organizar para destacar e promover a casta branca mais expressiva da região dos Vinhos do Tejo – e seus vinhos. Esta iniciativa já passou pela Casa Cadaval (2018), Quinta da Lapa (2020), Companhia das Lezírias (2021) e Casal Branco (2022).
No ano passado a casta eleita foi a Castelão, com dia passado no Casal das Freiras. Para o ano será novamente escolhida uma variedade tinta.
Refira-se que a região Tejo está dividida em três zonas, a saber:
Bairro – Na margem norte do Tejo, entre o rio e os contrafortes dos maciços de Porto de Mós, Candeeiros e Montejunto, solos argilo-calcários e algum xisto, é a zona preferencial para vinhos tintos.
Campo – Situa-se nas extensas planícies de aluvião numa e noutra margem do rio Tejo, sujeitas a inundações periódicas. Estas são responsáveis pelo elevado índice de fertilidade dos solos e torna esta uma zona de excelência para a produção de vinhos brancos. Manhãs húmidas com nevoeiros junto ao rio, tardes muito quentes e noites frias.
Charneca – A Charneca localiza-se a sul do campo, na margem esquerda do Rio Tejo, com solos arenosos, alguns com forte camada de calhau rolado e medianamente férteis tem potencialidades tanto para a produção de vinhos tintos como vinhos brancos. Vinhos brancos de excelente qualidade, a partir de mostos bastante concentrados. É a primeira das zonas a começar a vindima.
Nota de prova dos 11 vinhos monocasta Fernão Pires, pela ordem em que foram apresentados:
Campo do Tejo Fernão Pires by Pitada Verde Batista’s branco 2023 (Pitada Verde) – Nova Colheita
Aroma exuberante, com fruta branca, melão. A acidez é corrigida através dos ácidos málico e tartárico. É um vinho de piscina, agradável, para beber jovem.
4€ | Álc. 12,33 | Acid. Tot. 3,75 g/l | pH 3,47| Açu. resid. 0,6 gr/l
Campo do Tejo Fernão Pires by Adega de Almeirim branco 2023 (Adega de Almeirim) – Estreia 2024
Ligeiro gás, casca de laranja no aroma. Na boca mostra-se salino e com boa frescura.
5,49€ | Álc. 11,50% | Acid. Tot. 5,6 g/l | pH 3,2| Açu. Resid. 10 gr/l
Contracena Espumante Pet Nat Fernão Pires branco 2023 (Quinta da Ribeirinha) – Nova Colheita
Boa acidez e boa frescura na boca, não filtrado, apresenta-se turvo, como é normal nos vinhos Pet Nat não filtrados.
13,5€ | Álc. 11,75% | Acid. Tot. 5,35 g/l | pH 3,37 | Açu. resid. 2gr/l
ODE Fernão Pires branco 2023 (ODE Winery) – Nova Colheita
No aroma notas florais e tropicais. Na boca as notas tropicais mantêm-se com sugestões da madeira onda estagiou (barrica nova de 500 litros). Final curto com ligeiro amargo.
17€ | Álc. 13,54% | Acid. Tot. 5,72 g/l | pH 3,42| Açu. resid. 0,6 gr/l
Adega do Cartaxo Tejo Fernão Pires branco 2022 (Adega do Cartaxo) – DOC do Tejo – En primeur
Frutado, fresco e equilibrado (vinho apenas presente no canal Horeca).
14,50€ | Álc. 13,2% | Acid. Tot. 6 g/l | pH 3,41 | Açu. resid. 6 gr/l
Casa Cadaval Fernão Pires branco 2023 (Casa Cadaval) – Nova Colheita
Estagia em parte (2/3 em barrica com tampo de acácia, o restante em inox). Floral, fresco, envolvente na boca.
16€ | Álc. 12,2% | Acid. Tot. 5,9 g/l | pH 3,08 | Açu. resid. 0,6 gr/l
Companhia das Lezírias Séries Singulares Fernão Pires branco 2020 (Companhia das Lezírias) – Estreia 2023
Fermenta em inox e estagia em barro (pequenas talhas de barro de 180 litros, tinaja, em espanhol). Vinho que enche a boca, com ligeiro tanino, gastronómico, muito guloso.
25€ | Álc. 11,7% | Acid. Tot. 5,23 g/l | pH 3,48 | Açu. resid. 0,6 gr/l
Gutta Supera branco 2021 (Herdade Tinto e Branco) – Nova Colheita
Este é um projecto da Aquinta do Paral (Alentejo), no Tejo. Aromas complexos de fruta tropical e citrina. Pede a companhia de um bife de atum grelhado com espargos ou uma salada de frutos do mar.
16,80€ | Álc. 14,2% | Acid. Tot. 7,51 g/l | pH 3,35| Açu. resid. 0,6 gr/l | 670 grfs
Casal da Coelheira Amphora Curtimenta Fernão Pires branco 2023 (Casal da Coelheira) – Estreia 2024
Cor alaranjada própria de vinhos de curtimenta. Notas de erva cortada e muita casca de laranja. Na boca é equilibrado, com boa estrutura. resultando num vinho de elevada versatilidade gastronómica. Aparente ter boa longevidade.
15€ | Álc. 12,4% | Acid. Tot. 5,79 g/l | pH 3,47 | Açu. resid. 0,6 gr/l
Quinta da Lagoalva Grande Reserva Fernão Pires branco 2022 (Quinta da Lagoalva) – Nova Colheita
Estágio de 12 meses em barrica de 500 litros de carvalho francês de 500 litros. Aroma frutado, elegante. Na boca mostra excelente acidez, elegância, fruta e um belo final.
30€ | Álc. 12,73% | Acid. Tot. 6,03 g/l | pH 3,24 | Açu. resid. 0,6 gr/l | 1200 grfs
Quinta da Alorna Reserva das Pedras branco 2018 (Quinta da Alorna) – 1.ª Colheita
Este vinho estagia 6 anos antes de ser lançado no mercado. Está muito fresco, tem boa acidez, ligeiro tanino. Aroma delicado com flores brancas em harmonia com notas de limão e frutas de caroço. Com volume de boca significativo é um branco gastronómico com textura suportada pela acidez. Final de boca longo e marcadamente mineral refletindo o calhau rolado. Casa bem com comidas do Tejo (Sopa da Pedra, Ensopado de Enguias, Caldeirada de Bacalhau). Servir entre os 10 e 12º.
20€ | Álc. 12,5% | Acid. Tot. 6,50 g/l | pH 3,30 | Açu. resid. 0,6 gr/l