Inquérito a mais 600 CEO do setor da energia revela que uma larga maioria duvida que se alcance a meta de emissões líquidas zero até 2050.
A confiança na capacidade mundial de atingir emissões líquidas zero até 2050 está a diminuir, revela o quarto Energy & Natural Resource (ENR) Executive Survey da Bain & Company. A análise desta consultora demonstra que uma percentagem crescente de executivos do setor da energia espera que o mundo alcance as emissões líquidas zero mais tarde do que 2050, apontando 2060 ou mesmo mais tarde. Em 2023, havia 54% de gestores com esse entendimento e agora são 62% os inquiridos a partilhar esse sentimento.
“O inquérito deste ano concluiu que as empresas de energia e de recursos naturais não diminuíram as ambições de crescimento dos seus negócios orientadas para a transição. Contudo, a disponibilidade dos clientes para pagarem essa transição é um dilema crescente, tal como a capacidade de gerar um retorno do investimento (ROI) adequado nos projetos com esse enfoque. Em resultado disso, as empresas estão a concentrar-se em projetos com um caminho de ROI viável. Convém ainda relembrar o impacto direto dos juros mais elevados no custo dos projetos de transição. Esta é, sem dúvida, uma das histórias mais importantes de 2023 também neste âmbito”, adianta Eduardo Ferreira de Lemos, responsável pela prática de energia da Bain & Company.
A Bain & Company entrevistou mais de 600 executivos do setor (petróleo e gás, serviços públicos, produtos químicos, mineração e agronegócio) em todo o mundo para estudar e reportar as opiniões dos líderes desta indústria sobre a transição energética, as novas tecnologias e as oportunidades de investimento, mas também compreender os maiores desafios que se impõem à descarbonização na perspetiva dos seus protagonistas.
À semelhança de 2023, os executivos inquiridos pela Bain & Company afirmam que o maior obstáculo à expansão dos seus negócios orientados para a transição é encontrar um número suficiente de clientes dispostos a pagar preços mais elevados – ou receber um apoio político equivalente –, que lhes permita criar um retorno de investimento suficiente. De facto, a percentagem de executivos que identificam esta questão como um obstáculo muito significativo aumentou 14 pontos percentuais entre 2023 e 2024, para 70% dos executivos auscultados. Será possível inverter este registo, é a questão que se coloca agora.