A reparação de aparelhos, que caiu em desuso, é um hábito que está a ganhar mais adeptos atualmente, em nome da sustentabilidade. Na Academia REPARA ensina-se como dar uma segunda vida aos equipamentos elétricos. A primeira edição arranca agora.
O Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, a Circular Economy Portugal e o Repair Café Lisboa estão a organizar a primeira edição da Academia REPARA, uma formação dedicada ao ensino da reparação de equipamentos elétricos destinada ao público em geral.
O objetivo desta iniciativa conjunta é permitir que as pessoas possam ser capazes de fazer algumas reparações básicas a alguns aparelhos, o que permitirá estender o tempo de vida destes equipamentos, promover a prevenção de produção de resíduos e, consequentemente, reduzir o desperdício.
As 12 sessões desta primeira edição, que arrancou no início do ano, decorrem aos sábados de manhã, entre as 10h00 e as 13h00, nas instalações do Electrão, na Venda do Pinheiro, Mafra. A ideia é que possam ser dinamizados, no futuro, novos ciclos de formação para a capacitação de mais reparadores.
A formação é assegurada pelos voluntários que já participam em Repair Cafés, um tipo de evento sem fins lucrativos, que começou na Holanda, em 2009, e que possibilita que a reparação de objetos possa ser feita com a ajuda de reparadores voluntários.
A formação que está a decorrer inclui conceitos básicos de segurança e manutenção; ferramentas; funcionamento de motores rotativos elétricos; resistências; circuito eletrónico; soldadura e deteção de avarias.
O grupo deste primeiro ciclo de formação tem uma dezena de inscritos, três dos quais mulheres. No final da formação será organizado um Repair Café para que os novos reparadores possam colocar em prática as aprendizagens adquiridas ao longo das sessões colocando-as, mais tarde, ao serviço da comunidade.
“Há 9 anos que fazemos o Repair Café Lisboa e sentimos que as pessoas querem conseguir, de forma mais independente, diagnosticar e reparar as avarias nos seus equipamentos. A reparação deste tipo de equipamentos é uma competência esquecida, mas essencial para a transição para uma economia circular. É urgente partilharmos competências de reparação para que os nossos equipamentos durem mais tempo nas nossas mãos”, refere Marta Brazão, uma das coordenadoras do Repair Café Lisboa.
O “direito à reparação”
A “Academia REPARA” pretende ser um contributo para dar resposta ao “direito à reparação”, consagrado pela União Europeia na diretiva aprovada a 13 de junho de 2024 e que terá que ser transposta para a lei nacional nos próximos dois anos, como sublinha o Diretor-Geral de Elétricos e Pilhas do Electrão, Ricardo Furtado.
“Com esta aposta na capacitação na área da reparação esperamos que seja possível impulsionar antigos bons hábitos, como o de usar um equipamento elétrico até à exaustão, privilegiando a reparação e desincentivando o uso descartável dos equipamentos elétricos”, reforça.
A diretiva estabelece uma obrigação de reparação para os fabricantes de bens para os quais existem requisitos de reparabilidade na legislação da União Europeia, como máquinas de lavar roupa, secadores de roupa, máquinas de lavar louça, frigoríficos, televisores, soldadores, servidores, telefones, tablets e baterias de meios de transporte ligeiros, como bicicletas e trotinetas elétricas.
O âmbito de aplicação limita-se aos bens adquiridos pelos consumidores. Não abrange os bens destinados às empresas nem os bens industriais. A diretiva prevê a prorrogação do período de garantia legal por mais um ano se o consumidor optar por reparar o produto em vez de o substituir.