Até onde vai a pressão dos interesses económicos quando está em causa o ambiente?
A preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais é vital para o equilíbrio ambiental do planeta e para a sobrevivência humana. No entanto, a exploração económica desenfreada, impulsionada por interesses poderosos, ameaça a integridade de habitats únicos, como é o caso do que está a acontecer no parque nacional Conkouati-Douli na República Popular do Congo, onde a exploração de recursos naturais, como a mineração, a exploração de petróleo e a agricultura intensiva, representam uma ameaça para a biodiversidade, que abrange a variedade de vida em todas as suas formas.
A recente concessão de uma licença de exploração petrolífera à empresa chinesa China Oil Natural Gas Overseas Holding United, no parque nacional Conkouati-Douli, ilustra este conflito. Este parque, localizado na bacia do Congo, abriga espécies ameaçadas de extinção, como gorilas das planícies ocidentais, chimpanzés e elefantes da floresta, além de comunidades locais cuja subsistência depende da floresta.
A exploração petrolífera que está a ser equacionada levará à destruição de habitats, à poluição, diminuindo a resiliência dos ecossistemas às alterações climáticas e a outros impactos ambientais.
Importância da preservação da biodiversidade
A biodiversidade é essencial para o funcionamento saudável dos ecossistemas, que fornecem uma variedade de serviços indispensáveis, como a regulação do clima, a purificação da água, a polinização de culturas agrícolas e a decomposição de resíduos. Além disso, os ecossistemas ricos em biodiversidade são fontes de matérias-primas para o fabrico de medicamentos, alimentos e outro tipo de produtos fundamentais para a economia global.
A bacia do Congo, por exemplo, é o segundo maior pulmão florestal do mundo, depois da Amazónia, e desempenha um papel na regulação do clima global e na captura de dióxido de carbono. A preservação desta área é, portanto, de interesse global, não apenas regional.
Conflito com interesses económicos
Os interesses económicos, especialmente aqueles ligados à exploração de recursos naturais, frequentemente entram em conflito com a necessidade de preservação ambiental. A pressão económica pode levar os governos a priorizar atividades que geram receita a curto prazo, como a exploração de petróleo, em detrimento da conservação ambiental.
No caso do parque Conkouati-Douli, a concessão da licença de exploração petrolífera pela República Popular do Congo foi criticada por organizações ambientalistas e pela sociedade civil congolesa, que apontam a contradição com os compromissos internacionais do país e as suas próprias leis sobre a vida selvagem e as zonas protegidas.
Ação e mobilização
A mobilização da sociedade civil e de organizações não-governamentais desponta neste contexto como forma de pressão sobre os governos e as empresas a adotarem práticas mais sustentáveis. A Earth Insight e a Greenpeace África, por exemplo, têm desempenhado um papel importante ao alertar sobre os riscos da exploração petrolífera no parque Conkouati-Douli e ao exigir a revogação da licença concedida.
Além disso, a suspensão do financiamento internacional para atividades de conservação no parque até que a autorização seja anulada, como defendido por estas organizações, é uma estratégia para pressionar por mudanças.
Este episódio demonstra que a mobilização e a pressão da sociedade civil e das organizações ambientais podem fazer mesmo a diferença para garantir que os compromissos internacionais de conservação sejam respeitados e que os recursos naturais sejam geridos de maneira sustentável.