Atualmente, cerca de 850 mil jovens portugueses, com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos de idade, residem fora de Portugal.
Um estudo recente do Observatório da Emigração aponta que quase um em cada três jovens nascidos em Portugal, com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos, optaram por viver no estrangeiro. Com um total de aproximadamente 850 mil portugueses nesta faixa etária a residir fora do país, o ano de 2013 destacou-se como o período com maior fluxo migratório, registando a saída de 120 mil jovens portugueses.
O “Atlas da Emigração Portuguesa” – estudo do respetivo observatório, que será lançado no decorrer da próxima semana – baseia estas conclusões numa amostra de países de destino da emigração nacional que fornecem os dados sobre a composição etária das comunidades estrangeiras, entre elas a portuguesa.
“Feitas as contas, extrapolando esse número para o universo de países para onde os portugueses emigram e comparando com a população residente em Portugal com essas idades, concluímos que 30% dos jovens que nasceram no país estão atualmente a viver fora”, refere Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, um número alarmante que pode ter implicações profundas na demografia e no mercado de trabalho em Portugal.
O impacto da emigração na taxa de natalidade é particularmente preocupante, conforme aponta a demógrafa Maria João Valente Rosa. Com um terço das mulheres em idade fértil a deixar Portugal, os nascimentos de filhos de mães portuguesas noutros países equivalem, atualmente, cerca de 20% do total de nascimentos em solo português.
O período de maior intensidade migratória ocorreu entre os anos de 2010 e de 2019, com o auge a ser o já referido ano de 2013. Esta crise de emigração, que passados mais de 10 anos ainda é atual, não apenas coloca desafios imediatos no mercado de trabalho, mas também projeta sombras sobre o futuro da natalidade em Portugal. Especialistas alertam mesmo que devem ser tomadas medidas para reverter esta tendência e para incentivar o regresso de jovens talentosos, com o objetivo de preservar o equilíbrio demográfico e assim impulsionar o desenvolvimento económico do país.