A basílica da Sagrada Família, projetada por Antoni Gaudí, teve a primeira pedra colocada há mais de 140 anos, mais concretamente em 1882.
Após mais de um século de obras, a icónica basílica da Sagrada Família, em Barcelona (Espanha), está prestes a ser finalizada. O anúncio foi feito pela Fundação Sagrada Família, responsável pela conclusão da obra, que revelou que o fim das obras da respetiva estrutura estão previstas para o ano de 2026. No entanto, os trabalhos finais de decoração e a conclusão de uma escadaria controversa vão demorar mais oito anos, estendendo o prazo para 2034.
Desde que a primeira pedra foi colocada no longínquo ano de 1882, a construção desta majestosa basílica projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí enfrentou vários desafios ao longo dos mais de 140 anos. Inicialmente localizada no meio de terras agrícolas, a cidade de Barcelona cresceu ao redor do templo inacabado, o que tornou a basílica num ícone arquitetónico para esta região da Catalunha.
Porém, um dos pontos mais controversos deste projeto é a construção da escadaria que vai ligar à entrada principal da basílica da Sagrada Família, que tem gerado muitos debates acalorados na comunidade devido a esta possível intervenção urbanística se estender por dois quarteirões, o que obrigaria a cerca de mil famílias e empresas a terem que ser realojadas.
Apesar das críticas e de boa parte da população de Barcelona ser contra a construção desta escadaria, o presidente da Fundação Sagrada Família, Esteve Camps, defende-se ao dizer que as obras apenas estão a seguir o projeto original e que há um compromisso de honrar a visão arquitetónica. “Estamos a seguir o plano de [Antoni] Gaudí. Somos os seus herdeiros e não podemos renunciar ao seu projeto. O plano apresentado às autoridades locais em 1915, assinado por Gaudí, inclui a escadaria”, salienta Esteve Camps, antes de afirmar que ainda não sabe qual será e quando se conhecerá o desfecho das negociações com a autarquia da cidade catalã.
A conclusão desta monumental obra-prima – a torre central vai ter 172,5 metros de altura – tem sido financiada principalmente pelo turismo na respetiva região. Com uma média de cinco milhões de visitantes por ano, que contribuem com uma taxa de entrada entre 25€ e 40€, mais de metade do valor acumulado vai diretamente para o orçamento da conclusão das obras na basílica da Sagrada Família. No entanto, a gestão dos recursos provenientes do turismo religioso tem sido alvo de várias questões pela população, como “o que é feito com o restante valor cobrado aos turistas?”, que acabam por não ter resposta porque a Igreja não é obrigada a divulgar as suas finanças.
Apesar dos contratempos ao longo dos anos, incluindo danos causados pela guerra civil espanhola, negligência e interrupções devido à falta de financiamento e à pandemia do Covid-19, a basílica da Sagrada Família está prestes a tornar-se numa realidade completa, numa homenagem duradoura ao legado de Antoni Gaudí e numa jóia arquitetónica que vai continuar a inspirar as gerações do presente e do futuro