Se interrompido, o fluxo de água de um rio causa diversos problemas. Possivelmente até mais do que alguma vez imaginou…
Manter rios desobstruídos e “renaturalizados” é fundamental para a saúde dos ecossistemas e o bem-estar das comunidades que dependem dessas fontes de água. Recentemente, o Governo português, através de um esforço coordenado pelo Ministério do Ambiente, anunciou que ia intensificar as ações de recuperação dos rios, superando metas estabelecidas pela Lei do Restauro da Natureza.
Um exemplo dessa iniciativa é o projeto em curso para a reabilitação e valorização do rio Antuã e do Esteiro de Salreu, no concelho de Estarreja, distrito de Aveiro.
Este projeto, com um investimento de 350 mil euros financiado pelo Fundo Ambiental, visa resolver problemas críticos, como a obstrução do leito dos rios por sedimentos, a erosão das margens e os riscos de inundação.
A intervenção no Rio Antuã consistirá na limpeza do leito, na reabilitação das margens e na remoção de obstáculos, que impedem o fluxo natural da água.
No caso do Esteiro de Salreu, irá ser reparado o dique, reabilitado o caminho existente e reforçadas as margens, para se prevenir a erosão. Já quanto ao Cais de Salreu, o muro em pedra de granito será restaurado, assim como o passeio público.
“É muito importante devolver os rios à natureza e às pessoas para que sejam rios limpos, com escoamento, sem barreiras artificiais. ‘Renaturalizar’ significa também cuidar das margens, replantar plantas autóctones e é isto que estamos a fazer nesta zona do Baixo Vouga Lagunar, que precisa de obras nas margens”, referiu a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho.
Mas, afinal, quais são os problemas de termos rios obstruídos?
Quando um rio está obstruído, o fluxo natural da água é interrompido, causando uma série de problemas ambientais e sociais. A acumulação de sedimentos, lixo ou vegetação excessiva pode levar a inundações, especialmente durante períodos de chuva intensa, uma vez que a água não consegue escoar adequadamente.
Além disso, a obstrução pode degradar a qualidade da água, afetando a vida aquática e comprometendo os ecossistemas ribeirinhos. A falta de circulação de água também pode criar condições propícias para a proliferação de algas e outros organismos nocivos, reduzindo a oxigenação da água e colocando em risco a biodiversidade.
Estas condições não só prejudicam o ambiente, mas também as comunidades humanas que dependem do rio para abastecimento de água, agricultura e lazer.
Ou seja, rios desobstruídos e “renaturalizados” permitem um escoamento mais eficiente das águas, previnem inundações e garantem habitats saudáveis para a fauna e flora locais. E ao replantar plantas autóctones nas margens e remover barreiras artificiais, estas intervenções ajudam a restaurar o equilíbrio natural dos ecossistemas ribeirinhos.
A renaturalização dos rios é também um trunfo num contexto de alterações climáticas. Isto porque rios bem conservados são mais resilientes a estas mudanças, protegendo as comunidades locais e assegurando a disponibilidade de água de qualidade.
O exemplo do rio Antuã e do Esteiro de Salreu faz parte de um conjunto mais amplo de projetos de recuperação de cursos de água em Portugal. Até 2030, o país pretende recuperar cerca de 500 quilómetros de rios, e as obras já em curso deverão ultrapassar essa meta.