O governo francês caiu e à beira de uma crise económica o Presidente Macron terá de tomar decisões. A moção de censura apresentada por uma aliança entre a esquerda e a extrema-direita não foi a única surpresa neste impasse parlamentar.
Esta quinta-feira, dia 5 de dezembro, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier apresentou a demissão formal ao Presidente francês, Emmanuel Macron. A informação soube-se após terem reunido durante uma hora no Palácio do Eliseu.
Após impor o orçamento de 2025 sem votação parlamentar, o que colocou a hipótese de uma moção de censura. Este funciona como um instrumento de fiscalização, que normalmente é apresentada pela oposição como forma estratégica.
O que ocorre é uma votação 48 horas após a moção que tem como objetivo principal reprovar o Programa do Governo ou a gestão de um assunto que tenha um interesse nacional relevante.
A causa que levou à queda do governo francês
O descontentamento deveu-se a Barnier ter recusado aplicar a última imposição das negociações com a extrema-direita de Le Pen. O primeiro-ministro aceitou, eliminar um imposto sobre a eletricidade, cortar a ajuda médica aos imigrantes ilegais e manter os subsídios a vários medicamentos. Porém, recusou o adiamento do aumento das pensões por meio ano para contrariar a inflação.
A moção de censura foi apresentada pela esquerda numa aliança com a extrema-direita, conseguiram arrecadar 331 votos favoráveis. Fazendo cair o Executivo francês que antes da votação destacou que a situação francesa se encontra num período “difícil”, em termos económicos e “não desaparecerá com uma moção de censura”.
Os próximos capítulos
Macron irá falar ainda hoje, por volta das 20h locais (19h em Lisboa), à nação. Isto ocorre porque o Presidente francês está impedido de convocar novas eleições antes de julho de 2025, pois dissolveu a Assembleia Nacional em junho deste ano.
Barnier foi nomeado por Macron a 5 de setembro, como uma solução para o impasse político após as eleições antecipadas que dividiram a Assembleia Nacional em três blocos. Especula-se que os mais prováveis a serem escolhidos para a sucessão do primeiro-ministro sejam, Sébastien Lecornu (ministro da Defesa), François Bayrou (antigo candidato presidencial) e Bruno Retailleau (ministro do Interior).
Nos últimos dias aumentaram os apelos à saída de Emmanuel Macron que também pode demitir-se, mas não é esperada essa decisão. O Presidente francês ao longo do tempo tem realçado que não pensa deixar o Palácio do Eliseu antes do fim do mandato, em 2027.