
Uma ação de plantação de algas marinhas em Cascais chamou atenções por sublinhar a urgência de recuperar habitats marinhos como forma concreta de travar a perda de biodiversidade nos oceanos.
Numa altura em que quase metade dos oceanos do mundo revela sinais de degradação, a recuperação dos ecossistemas marinhos deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade urgente. Poluição, sobrepesca e alterações climáticas têm levado à destruição acelerada de habitats subaquáticos vitais, como florestas de algas, recifes de ostras e pradarias marinhas — estruturas que sustentam a vida no mar e, por consequência, a nossa própria.
Foi neste contexto que, no dia 26 de junho, a marca de alimentação animal Purina promoveu uma ação de plantação de algas marinhas na Marina de Cascais, em parceria com a organização SeaForester e com o apoio da autarquia local. A atividade contou com a participação do humorista Nuno Markl e da influenciadora digital Tripeirinha, embaixadores da marca, numa tentativa de levar o tema a públicos mais vastos.
Mas por trás da componente mediática está uma meta concreta: restaurar habitats marinhos em larga escala. A ação integrou o Programa de Restauração dos Oceanos da Purina, lançado em 2024, que prevê recuperar 1.500 hectares de ecossistemas marinhos em toda a Europa até 2030. Em Portugal, a operação centra-se na plantação de Laminaria ochroleuca, uma macroalga castanha nativa da costa atlântica, com funções ecológicas essenciais — entre elas, captar carbono, purificar a água e servir de refúgio a inúmeras espécies marinhas.
Segundo a SeaForester, estas florestas têm ainda uma vantagem adicional: a capacidade de regeneração natural. Com a técnica de viveiros móveis, exemplares jovens são ancorados ao recife, podendo formar novas florestas em apenas alguns anos.
“Acreditamos que as nossas ações conjuntas irão aumentar a abundância de peixe e gerar um impacto positivo ao longo da costa portuguesa”, sublinha Pål Bakken, fundador e CEO da SeaForester. Para além da recuperação ambiental, há um lado estratégico: os peixes que habitam estas florestas são também fundamentais para cadeias alimentares humanas e industriais, incluindo a da própria Purina, que utiliza subprodutos do pescado — partes não consumidas pelos humanos — na produção de ração para animais.
Ao envolver-se diretamente na restauração de ecossistemas dos quais depende, a empresa procura não apenas mitigar impactos, mas reposicionar-se enquanto agente ativo de soluções. “Estamos empenhados em fazer a nossa parte para ajudar a resolver a perda de biodiversidade marinha na nossa cadeia de abastecimento alargada”, afirma Kerstin Schmeiduch, Diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da PURINA Europa.
A abordagem escolhida — baseada em soluções de natureza, com forte componente tecnológica, científica e comunitária — replica um modelo europeu multi-parceiros que a marca tem vindo a consolidar com organizações como a Sea Ranger Service, a Oyster Heaven ou a Urchinomics. Todas elas trabalham em habitats distintos, da recuperação de ostras à gestão de ouriços-do-mar.
Além da intervenção no mar, o programa cruza-se com outras áreas como a agricultura regenerativa, através do apoio à investigação sobre bioestimulantes à base de algas, e o combate ao desperdício, aproveitando subprodutos do pescado que, de outra forma, seriam descartados.
No fundo, iniciativas como esta vêm recordar que o oceano é parte do problema, mas também parte da solução. E que devolver vida ao fundo do mar não depende apenas de intenções globais, mas também de ações locais, repetidas.
