
Bruxelas está prestes a anunciar mudanças significativas na regulamentação das emissões de CO2 dos automóveis novos. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que proporá uma alteração ao regulamento atual, permitindo que os fabricantes sejam avaliados com base numa média de três anos (2025-2027), em vez de enfrentarem metas anuais rígidas. A medida dá mais margem de manobra às empresas para atingirem os objetivos sem o risco imediato de pesadas multas.
Segundo Von der Leyen, esta alteração visa proporcionar “mais espaço para respirar” às marcas automóveis, num momento em que o setor enfrenta desafios como a transição para a mobilidade elétrica e as incertezas do mercado global. “Os objetivos mantêm-se, mas as empresas terão mais flexibilidade para cumpri-los”, afirmou a presidente da Comissão.
Impacto no setor automóvel
A indústria automóvel europeia já demonstrou apoio à proposta. A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) há muito alerta para as dificuldades no cumprimento das metas ambientais, especialmente devido ao ritmo mais lento do crescimento do mercado de elétricos. A recente decisão da Audi de encerrar a sua fábrica em Bruxelas, afetando cerca de 3.000 trabalhadores, é um dos exemplos do impacto que a transição tem causado.
A Stellantis também saudou a medida, considerando-a um passo importante para preservar a competitividade da indústria. “A flexibilidade introduzida é um avanço significativo, desde que a proposta seja rapidamente convertida em lei”, afirmou o grupo em comunicado.
Críticas de associações de consumidores
No entanto, nem todos concordam com a mudança. A Organização Europeia de Consumidores (BEUC) acredita que a flexibilização pode enviar “um sinal errado” ao mercado, desincentivando o investimento em soluções mais económicas e sustentáveis. Para a entidade, a revisão poderá reduzir a oferta de veículos elétricos acessíveis, deixando os consumidores limitados a opções mais caras.
Apoio à produção europeia de baterias
O plano de ação que será detalhado esta semana também prevê um “apoio dinâmico” aos produtores de baterias na União Europeia. Von der Leyen destacou a necessidade de fortalecer a cadeia de fornecimento de componentes críticos, promovendo alianças industriais para o desenvolvimento de software, semicondutores e tecnologias de condução autónoma.
A proposta teve reflexo imediato nas bolsas, com as ações da Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz a registarem valorizações após as declarações da presidente da Comissão. O mercado recebeu a notícia de forma positiva, especialmente num momento em que as marcas europeias enfrentam ameaças comerciais, como as potenciais tarifas adicionais sobre as exportações para os Estados Unidos, propostas por Donald Trump.
Artigo por Rui Reis