Nesta vida estamos sempre a aprender… Um destes dias recebi um convite para conhecer os vinhos Casa da Réssa. Não conhecia a palavra, porque não se usa na terra onde nasci, na Beira Baixa, mais propriamente na baixa Beira Baixa, no concelho da Sertã.
Gostei do vinho e aprendi que Réssa é, nem mais nem menos, do que uma
réstia de sol, termo, pelos vistos usado mais no Douro, sobretudo em tempos mais antigos e actualmente visto, sobretudo, em textos poéticos.
E é no Douro, mais precisamente nas encostas íngremes da Folgosa do Douro, margem esquerda do rio, sub-região do Baixo Corgo que nasce este vinho, propriedade de Alexandre Dias, empresário e vigneron e pensado e trabalhado pelo grande enólogo Paulo Nunes.
Alexandre Dias chegou ao Douro vindo de outros mundos, movido pela curiosidade. Não procurava vinhas, mas encontrou uma. E foi ali, diante da Vinha das Lages, que algo o tocou profundamente. O que para muitos seria apenas uma parcela agreste de terreno velho, para Alexandre foi uma revelação.
Foi o início de um caminho sem mapa. Alexandre começou a procurar, a aprender com os locais, a caminhar pelas encostas da margem sul do Douro, onde poucos ousam lançar raízes. Foi comprando parcelas esquecidas, vinhas de qualidade excecional, cada uma com a sua alma e identidade, como se colhesse fragmentos de uma história antiga espalhada pela serra.
Aos poucos, teceu e deu harmonia a esta manta de retalhos, feita de encostas, matas, vinhas velhas e solos resilientes. E, porque a soma é maior que as partes, dessa costura laboriosa, nasceu um projeto que dos 3 hectares iniciais que compunha a Vinha das Lages, cresceu para mais de 50 parcelas, 40 hectares de terra, entre vinha, olival e mato. De vinha são 25hectares, que incluem também vinhas velhas, conjunto que forma a a Casa da Réssa, situada na sub-região duriense do Baixo Corgo. Na enologia, para além de Paulo Nunes, enólogo principal também colabora João Costa, enólogo residente.
Notas de prova
Casa da Réssa Reserva Branco 2022 – Este branco de vinhas velhas em field blend apresente uma mineralidade fresca de um Douro menos óbvio. Após uma vinificação delicada e fermentação em inox e barrica, estagiou 9 meses sobre borras finas, revelando um vinho de cor cítrica com laivos esverdeados, aroma floral e cítrico com notas subtis de barrica. Na boca, é equilibrado, mineral, com acidez vibrante e final seco. Um branco com muito potencial de guarda.
47€ | Álc. 12,5% | Acid. Tot. 6 g/l | pH 3,17| Açu. resid. 0,1 gr/l | ? grfs
Casa da Réssa Reserva Tinto 2021 – Uvas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca da sub-região do Baixo Corgo, É vinificado com fermentação espontânea e estágio prolongado em barricas de carvalho francês e inox. Apresenta cor rubi viva, aroma complexo de frutos vermelhos, floral e especiarias, com toque balsâmico. Na boca é redondo, fresco, elegante, com final longo e persistente.
47€ | Álc. 13,5% | Acid. Tot. 5,6 g/l | pH 3,57| Açu. resid. 0,1 gr/l | ? grfs
Casa da Réssa Grande Reserva Tinto 2021 – Criado a partir de parcelas selecionadas, sonhado por Alexandre Dias e interpretado por Paulo Nunes, é o reflexo de um Douro menos evidente. Uvas de vinhas velhas fiel blend, Um tinto de identidade vincada, para ser apreciado com tempo e comida bem elaborada. Maceração pré-fermentativa, seguida de fermentação espontânea, com uma percentagem de engaço em cubas de inox e temperatura controlada. Maceração pós- fermentativa durante pelo menos 15 dias, com posterior envelhecimento em barricas de 500 litros de carvalho francês.
Notas de especiarias e frutos do bosque com nuances balsâmicas no aroma. Na boca, é elegante e delicado, exibindo uma textura sedosa e uma estrutura sólida, com taninos polidos e sofisticados. Final refinado e longo, indicando um grande potencial de envelhecimento.
87€ | Álc. 13,5% | Acid. Tot. 5,8 g/l | pH 3,46| Açu. resid. 0,1 gr/l | ? grfs