No dia 25 de abril de 1974, Portugal acordou diferente. Sem que a maioria soubesse o que estava a acontecer, uma revolução derrubava mais de quatro décadas de ditadura. Hoje, mais de 50 anos depois, o 25 de Abril continua a ser uma das datas mais importantes da nossa história — não apenas pelo que conquistou, mas pelo que ainda representa.
O que aconteceu naquele dia?
A Revolução dos Cravos começou de madrugada, com o sinal dado pela música “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso a passar na rádio. Era a senha combinada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para avançar com o plano que vinha a ser preparado em segredo. O objetivo: derrubar o regime do Estado Novo, liderado por Marcelo Caetano, e acabar com a repressão, a censura, a PIDE e a guerra colonial.
Em poucas horas, as tropas tomaram pontos estratégicos em Lisboa. Mas, ao contrário do que seria de esperar de um golpe militar, não houve sangue nas ruas — apenas cravos vermelhos, oferecidos por civis aos soldados, que os colocaram nos canos das espingardas. Assim nasceu o símbolo da revolução pacífica.
O que mudou depois da revolução?
Com a queda da ditadura, o país iniciou um processo de transição para a democracia. Foram legalizados partidos políticos, realizadas eleições livres e escritas novas leis — incluindo a Constituição de 1976, que ainda nos rege. O povo pôde finalmente falar, escrever, votar e decidir livremente. A liberdade de imprensa tornou-se um pilar fundamental da nova sociedade portuguesa.
Outro ponto fundamental foi o fim da guerra colonial e o reconhecimento da independência das ex-colónias africanas: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Por que o 25 de Abril ainda importa hoje?
Mais do que uma memória histórica, o 25 de Abril é um alerta vivo. Lembra-nos que a liberdade nunca é garantida para sempre — é algo que se conquista, se vive e se defende todos os dias. Num mundo em que os discursos autoritários e a desinformação ganham terreno, relembrar os valores de Abril é mais urgente do que nunca.
É também uma oportunidade para pensar no país que queremos construir. A democracia é feita de participação, diálogo e responsabilidade — não só de eleições, mas também de cidadania ativa. E isso começa em casa, na escola, nas redes sociais, no trabalho e nas urnas.
Abril sempre
Celebrar o 25 de Abril não é olhar apenas para o passado, mas também para o presente e o futuro. Porque a liberdade não é só uma herança — é uma escolha diária. Neste 25 de Abril, saímos à rua não só para lembrar, mas para reafirmar que a revolução continua viva, enquanto houver vontade de mudar o mundo para melhor.