Desde o início do século XX, altura em que Joaquim da Cruz Baptista plantou as primeiras vinhas da Tapada do Chaves, que esta família está ligada à produção de vinhos de elevada qualidade, na Serra de São Mamede, nos arredores de Portalegre, Alto Alentejo.
O sucesso do projecto iniciado por Joaquim da Cruz Baptista inspirou a sua única filha, Gertrudes, a continuar o seu legado e, de forma apaixonada, a levar este projecto mais além, tornando a Tapada do Chaves famosa.
No final da década de 1980, o filho de Gertrudes, Francisco Baptista Fino iniciou, nos 122 hectares que a família possuía na Herdade do Monte da Penha, a plantação dos primeiros 12 hectares de vinha, dez de castas tintas, Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Moreto e 2 hectares de brancas, Fernão Pires, Roupeiro, Arinto e Trincadeira das Pratas. Posteriormente, em 1998, com a venda da Tapada do Chaves, Francisco e sua mulher Verónica iniciam a produção e engarrafamento dos vinhos sob a marca Monte da Penha e em 2000 são plantados mais 10 hectares de vinha, incluindo-se a Touriga Nacional, atingindo os 22 hectares actuais.
A Herdade Monte da Penha renovou recentemente a sua imagem com novos rótulos que incorporam aguarelas botânicas originais da fundadora Verónica Beja Fino, falecida há 11 anos, homenageando-a.
Recentemente tivemos oportunidade de fazer uma prova durante um fantástico almoço na casa senhorial (século XVIII) de Francisco Fino, com a presença deste, de sua filha Rita e da enóloga da casa, Susana Esteban.
Notas de prova
Monte da Penha Altitude Tinto 2015 (30 €)
O rótulo, com a flor Jacinto, simboliza a beleza exuberante e clássica, além da profundidade deste vinho, dotado de boa capacidade de envelhecimento.
Uma base de Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira e um pouco de Touriga Nacional conferem um aroma contido já com leve nota evolutiva, mas positiva, bagas maceradas e levíssimo toque balsâmico. Na boca revela-se fresco com notas de especiarias, boa acidez e muito elegante.
Monte da Penha Gertrudes Reserva Tinto 2015 (60€)
Este vinho, feito de uvas das castas Alicante Bouschet, Aragonês e Trincadeira, é um ponto alto do Monte da Penha, homenageando Gertrudes, matriarca centenária da família, que personifica força, elegância e legado, aliás as características do próprio vinho. O rótulo, com a flor de Oliveira, simboliza sabedoria e longevidade, as mesmas qualidades que definem Gertrudes.
Com taninos civilizados mas bem marcados é um vinho que pede um bom assado de forno, por exemplo.
Monte da Penha Harvest Branco 2024 (12€)
Foi lançado muito,mas mesmo muito recentemente no mercado. Produzido a partir das castas Arinto, Fernão Pires, Roupeiro e Trincadeira das Pratas é um vinho fresco, com notas minerais e florais no aroma. Na boca o Arinto dá-lhe um toque de frescura mercê da sua acidez, o Fernão Pires confere-lhe as tais notas florais e o Roupeiro a sensação de fruta madura.
Monte da Penha Harvest Tinto 2015 (11€)
Feito de Trincadeira, Alicante Bouchet, Touriga Nacional e Aragonês.
Cor bastante evoluída, notas balsâmicas, algumas salinidade e taninos muito suaves.
O rótulo apresenta uma aguarela do Gladiolus illyricus (Espadana-dos-Montes),uma flor que simboliza força e elegância.
Provámos ainda mais dois vinhos (de que não tenho fotos), o Monte da Penha Grande Reserva 2011 (24 euros), um belíssimo vinho com uvas Alicante Bouschet, Moreto, Aragonês e Trincadeira. Cor vermelho-rubi, no nariz apresenta boa frescura, madeira complexa e especiarias. Na boca é fresco, com boa acidez, fruta bem presente, especiarias. Um vinho intenso e com final longo.
Finalmente o topo de gama da casa, o Gerações 2004 (35 euros), um vinho extremamente elegante que, apesar dos anos em garrafa, mantém a frescura, a fruta e o equilíbrio, demonstrando o potencial de envelhecimento dos vinhos do Monte da Penha.





