
Nos percursos duros e traiçoeiros do Alto Alentejo, onde as máquinas rugem e o homem mede forças com a natureza e a resistência, João Ferreira voltou a escrever o seu nome entre os grandes. Com uma exibição de autoridade ao volante da Toyota Hilux T1+ Evo, o piloto de Leiria conquistou a sua terceira vitória na mítica bp Ultimate Baja Portalegre 500, dominando todas as etapas da 39ª edição da mais emblemática prova de todo-o-terreno nacional.
Mais do que uma vitória, foi um regresso simbólico da supremacia dos protótipos da categoria rainha, depois da surpreendente vitória de um SSV em 2024. Ferreira e o navegador Filipe Palmeiro impuseram-se desde o prólogo, não dando margem a dúvidas. A sua margem final de 10 minutos e 18 segundos sobre o melhor SSV em prova sublinha o domínio da dupla da SVR Offroad.
“Foi difícil manter o carro na estrada no início. A chuva tornou o piso traiçoeiro. Mas contrariámos a ideia de que os Toyota não funcionam bem nestas condições,” explicou o vencedor.
Com este triunfo, a Toyota soma agora cinco vitórias na clássica alentejana, celebrando o feito 27 anos após o sucesso de Filipe Campos, em 1997, ao volante de um Land Cruiser diesel.

SSV e Challenger: batalhas intensas e reviravoltas dramáticas
No universo dos SSV, Luís Cidade assinou uma prova sólida com o Can Am Maverick R, conquistando o segundo lugar da geral e vencendo a categoria, após as desistências de João Ramos e Gonçalo Guerreiro. “Foi a edição mais fácil que já disputei”, confessou, dedicando o feito à família.
O terceiro lugar da geral foi para o agressivo e eficaz Daniel Silva, que levou o Taurus T3 Max ao topo da categoria Challenger. “Perdemos nas zonas rápidas, mas fomos eficazes nos troços mais técnicos. Esta prova é dura e exige cabeça”, explicou.
As desistências de João Ramos (Toyota Hilux T1+ Evo) e de Gonçalo Guerreiro (Polaris RZR) no segundo setor seletivo, ambos por falhas na suspensão, foram dois dos momentos mais dramáticos da prova.
Nas motos, Micael Simão é campeão nacional absoluto
A luta nas motos foi intensa. Bruno Santos, André Sérgio e Micael Simão mantiveram o público em suspenso durante os 287 km cronometrados. No final, Simão (Gas Gas EC 500F) emergiu vitorioso, selando também o título de campeão nacional absoluto de TT.
“A moto esteve incrível, mas foi uma luta mental. Tinha de acabar, mais do que ganhar. Ser campeão nacional é um sonho. Estar no Dakar em 2027 é o próximo objetivo.”
Apesar de cruzar a meta como vencedor, André Sérgio foi penalizado e caiu para quarto. Bruno Santos subiu ao segundo posto, com Bernardo Megre a fechar o pódio.
Outros destaques: Quads, Promoção & SSV-FMP
Nos quads, Tomás Paulo brilhou com a Yamaha YFZ450R, enquanto nos SSV sob a égide da FMP, José Hélio impôs-se com o Can Am Maverick R.
Na Promoção Baja & Hobby, que decorreu em paralelo, destaque para Fábio Matos (motos), Rúben Rodrigues (quads) e Victor Lopes (SSV), todos eles entre os mais rápidos da geral, provando que a paixão pelo TT ultrapassa as categorias.

Classificações principais
Autos – Top 3:
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João Ferreira / Filipe Palmeiro – Toyota Hilux T1+ Evo – 5h37m07s
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Luís Cidade / Valter Cardoso – Can Am Maverick R – +10m18s
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Daniel Silva / Gonçalo Magalhães – Taurus T3 Max – +12m10s
Motos – Top 3:
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Micael Simão – Gas Gas EC 500F – 5h24m11s
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Bruno Santos – Husqvarna FE450 – +17s
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Bernardo Megre – KTM EXC 450 – +1m07s
A Baja de Lagos (21 a 23 de Novembro) decidirá agora o título absoluto. Mas em Portalegre, já se fez história — com suor, lama, e motores ao rubro.
Artigo por Rui Reis




