A edição 2025 do bp Ultimate Rally Raid Portugal arrancou com elevada intensidade nos troços de terra do Alentejo, onde o sul-africano Henk Lategan (Toyota Hilux T1+ Evo) foi o mais rápido na primeira etapa. Numa luta cerrada entre quatro líderes distintos, o piloto da Toyota impôs-se na fase final e parte agora para a etapa transfronteiriça com 1m51s de vantagem sobre o brasileiro Lucas Moraes. João Ferreira, primeiro português e forte candidato, segue colado, a apenas um segundo do segundo posto.
A etapa, com 302 km cronometrados, foi uma verdadeira montra do espírito competitivo que anima o W2RC. Os pilotos imprimiram um ritmo muito elevado, com escassas margens a separá-los: apenas 1m52s entre os três primeiros da classificação geral.
Quatro líderes, mas só um mais forte
A alternância no topo da classificação marcou o dia, com passagens pela liderança de Nasser Al Attiyah (Dacia Sandrider), João Ferreira, Seth Quintero e, por fim, Lategan, que conseguiu gerir com mestria os desafios técnicos do percurso. “Foi uma etapa extremamente exigente. Fiz uma condução limpa, diverti-me e estou a gostar muito desta experiência na Europa”, afirmou o sul-africano, que somou a sua quarta vitória em etapas do Mundial.
A penalização de dois minutos aplicada a Al Attiyah, por infração no percurso, foi decisiva para o reposicionamento da classificação. O piloto do Qatar caiu para quinto, mas mantém-se confiante: “O carro não estava no set-up ideal. Vamos ajustar e atacar amanhã.”
Com isso, Lucas Moraes ascendeu ao segundo posto, valorizando a intensidade da etapa: “Muitas curvas, muita troca de caixa, muito do que encontro no Brasil. O público tem sido incrível.” Atrás dele, João Ferreira brilhou na estreia do novo Toyota, apesar de ter sido afetado pelo pó de Loeb e Sainz e por um problema de travões. “Foi uma etapa dura e traiçoeira. Mas estamos bem posicionados para atacar amanhã”, declarou.
Incidentes e surpresas no pelotão
O dia ficou marcado por várias incidências: Marcos Baumgart capotou, Seth Quintero perdeu mais de 17 minutos após paragem técnica, e Carlos Sainz teve de lidar com um furo no Ford Raptor T1+.
Na categoria Challenger, destaque para Gonçalo Guerreiro (Taurus Evo Max), que liderava até 10 km do fim, antes de perder tempo por avaria. Ainda assim, é segundo da classe e 12.º da geral. Já Alexandre Pinto (Polaris RZR) lidera os SSV com autoridade e mantém-se na rota do título mundial.
Nas motos, Daniel Sanders impõe o ritmo da KTM
Entre as duas rodas, o australiano Daniel Sanders (KTM 450 Rally) confirmou o favoritismo e venceu a etapa, com 1m11s sobre Adrien Van Beveren e 1m32s sobre Tosha Schareina, ambos da Honda. “Foi escorregadio e complicado manter um bom ritmo, mas sobrevivemos. Agora é focar na próxima etapa”, resumiu Sanders, atual líder do campeonato.
Bruno Santos (Husqvarna) foi o melhor português, concluindo na 13.ª posição, a 10m06s do vencedor, apesar das dificuldades com a tração e desgaste do pneu traseiro. “Foi desafiante, mas positivo. Subi posições rapidamente e estou satisfeito com o ritmo”, declarou.
Classificações após a 1ª etapa
Autos
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Henk Lategan (Toyota Hilux T1+ Evo) – 2h30m21s
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Lucas Moraes (Toyota Hilux T1+ Evo) – a 1m51s
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João Ferreira (Toyota Hilux T1+ Evo) – a 1m52s
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Saood Variawa (Toyota Hilux T1+ Evo) – a 3m03s
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Nasser Al Attiyah (Dacia Sandrider) – a 3m37s
Motos
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Daniel Sanders (KTM 450 Rally) – 2h43m40s
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Adrien Van Beveren (Honda CRF 450 Rally) – a 1m11s
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Tosha Schareina (Honda CRF 450 Rally) – a 1m32s
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Ross Branch (Hero 450 Rally) – a 2m46s
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Luciano Benavides (KTM 450 Rally) – a 4m16s
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Bruno Santos (Husqvarna FR450 Rally) – a 10m06s
Próxima etapa: ligação Grândola–Badajoz
A segunda etapa do rally é a mais longa da prova, com 655 km, dos quais 429 cronometrados. O percurso mantém-se em solo português nos dois primeiros setores seletivos, zonas de Ponte de Sor e Mação, com paisagens contrastantes entre eucaliptais, areia e zonas montanhosas, antes de cruzar a fronteira e concluir em Badajoz, onde estará instalado o bivouac aberto ao público (18h–23h, hora espanhola).
Artigo por Rui Reis