Associações alertam para muitas praias da Bacia do Douro, consideradas não aptas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) estarem a ser usadas para banhos, nalguns casos incentivadas por infraestruturas de apoio que foram criadas.
Com a chegada do verão e a abertura da época balnear, muitas pessoas procuram refrescar-se nos rios.
A Bacia Hidrográfica do Douro, a maior da Península Ibérica, tem, por exemplo, 23 praias fluviais (águas balneares interiores) classificadas oficialmente para a prática balnear em território português.
Essas 23 praias compreendem seis águas balneares interiores no Sabugal, quatro em Mirandela, três em Macedo de Cavaleiros e Vinhais, duas em Moimenta da Beira e uma em Castro Daire, Freixo de Espada à Cinta, Gondomar, Sernancelhe e Valpaços.
Mirandela e Sabugal lideram, assim, a lista de concelhos com mais praias interiores. No entanto, nas margens do rio Douro, nos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Gondomar, só a praia da Lomba, em Gondomar, foi classificada como água balnear, ou seja, própria para banhos.
O #MovRioDouro (movimento de cidadania em defesa dos rios da bacia hidrográfica do Douro), a ANP | WWF (Associação Natureza Portugal | World Wildlife Fund) e a associação ambientalista Zero alertam para o facto de muitos outros locais, que não passaram na avaliação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), serem escolhidos pelas pessoas para tomar banho, nalguns casos registando mesmo grande afluência.
“Por um lado, estamos bastante satisfeitos por ver que os rios da bacia hidrográfica do Douro conseguiram ter este ano mais de duas dezenas de águas balneares. Por outro continuamos preocupados com o estado de degradação das águas do rio Douro, junto ao estuário, tendo em conta que apenas permitiu classificar a praia da Lomba”, afirma Gustavo Briz, do #MovRioDouro, movimento do qual integram também a ANP|WWF e a Zero.
Perante situações como esta, este movimento pede a divulgação da lista completa de praias avaliadas, incluindo os motivos para a sua qualificação ou não como águas balneares e propondo que tal informação seja também submetida a procedimento de consulta pública e não apenas a proposta final de lista de águas balneares, como ocorre atualmente.
As organizações destacam que a atual falta de monitorização e divulgação de resultados das análises de controlo microbiológico em águas não classificadas coloca em risco milhares de banhistas. “Muitos locais, como Zebreiros em Gondomar e o Areinho de Oliveira do Douro em Vila Nova de Gaia, recebem infraestruturas para atividades balneares, como bares e WC, que incentivam os banhistas a frequentarem estas águas sem informação adequada sobre a sua qualidade”, denuncia este coletivo de associações.
“Se as águas frequentadas por milhares de banhistas fossem monitorizadas, teríamos, com certeza, informação mais clara e bandeiras vermelhas na maior parte desses locais, que serviriam de alerta para os banhistas. Ora não é isso que acontece, pelo contrário. Apesar de existir um pequeno aviso da APA que desaconselha os banhos, os municípios criam muitas vezes condições para a ida a banhos – como instalação de bares, WC ou boias e sinalização, que confundem os visitantes e servem de atrativo à prática balnear”, alerta Gustavo Briz.
Na opinião destas organizações, por um lado, a APA deveria divulgar, durante a época balnear, a qualidade microbiológica da água dos espaços com elevada procura, sobretudo daqueles onde, comprovadamente, a água não tem a qualidade mínima necessária: “Por outro lado, os municípios não devem disponibilizar infraestruturas para a atividade balnear sem que esteja confirmada a qualidade da água para este fim, pois podem levar a população a correr riscos desconhecidos, devendo a própria APA providenciar instruções claras aos municípios nesse sentido”, insistem as associações.