As deslocações das 24 equipas, staff, media e adeptos numa organização como a do Euro 2024 representam a emissão de grandes quantias de CO2. Como reduzir o impacto das viagens e conseguir um evento neutro em termos climáticos?
Cerca de 80% das emissões totais previstas para o Campeonato da Europa de Futebol da UEFA de 2024, que entrou agora na sua reta final, são provenientes dos transportes – e uma parte substancial é atribuível às viagens aéreas internacionais dos adeptos, de acordo com uma análise da pegada de carbono realizada ainda antes do pontapé de saída do evento. Os cálculos efetuados pelo Oeko-Institut fazem parte do Estudo de Conceito e Viabilidade para um Euro 2024 “neutro em termos climáticos”, tendo sido solicitado pelo Ministério do Ambiente alemão. Partindo do Euro 2024 como uma espécie de “case study” para outros eventos desportivos, olhamos para algumas recomendações que permitem reduzir o impacto ambiental que a montagem de organizações desta magnitude representam.
Evitar as emissões relacionadas com os transportes
Sendo um grande evento internacional, há inúmeras deslocações entre países. Para tornar o transporte para os jogos e para as zonas de adeptos (áreas de visionamento dos jogos com ecrãs gigantes) mais compatível com o clima, os ambientalistas aconselham que os espectadores e as equipas viajem de comboio, em vez de avião ou carro. A nível local, o maior número possível de adeptos e equipas deve utilizar opções de mobilidade ecológicas, ou seja, bicicleta, autocarro e comboio, reforçadas por uma oferta adicional de transportes públicos. A ideia é que não haja espaço para veículos particulares.
Mesmo que todas as estratégias de mitigação dos gases com efeito de estufa sejam aplicadas, continuarão a ser produzidas emissões. Partindo do princípio de que o objetivo da organização do Euro 2024 é atingir a neutralidade climática, estas emissões remanescentes podem ser compensadas através de certificados de mitigação, ou seja, através do financiamento de reduções de Gases de Efeito de Estufa (GEE) noutros locais.
Em alternativa, com base na proposta do Oeko-Institut, estas emissões podem ser compensadas de acordo com o conceito de “responsabilidade climática”: neste caso, as emissões produzidas são multiplicadas por um preço aplicável e o valor final apurado (que traduz essa “responsabilidade climática”) é investido em medidas de redução dos gases com efeito de estufa. Ao mesmo tempo, a ambição de ser “neutro para o clima” é substituída pelo conceito de “responsabilidade climática”.
Alugar em vez de comprar infraestruturas, limitar o merchandising
A equipa de especialistas do Oeko-Institut debruçou-se igualmente sobre a utilização de materiais de construção neste Euro 2024. Neste caso, sugeriam que, para evitar gastar mais recursos com a construção de suportes novos, as estruturas temporárias (tendas, bancadas para estádios e zonas de adeptos), o mobiliário, os tapetes, a iluminação e os equipamentos elétricos fossem alugados em vez de comprados, e que não fossem distribuídos brindes, panfletos, etc.
Embora as medidas práticas tenham sido desenvolvidas a pensar no Euro 2024, podem também ser aplicadas a outros grandes eventos desportivos nacionais e internacionais.