Há 10 anos a Adega do Cartaxo lançava um vinho de seu nome Desalmado que haveria de fazer história, como um marco entre os de muito alta qualidade, em Portugal. Depois de todos estes anos de estágio, esse 2015 surgiu finalmente no mercado, num pack, acompanhado de um copo muito especial, de seu nome Stoëlzle Lausitz Starlight Burgundy, escolhido para elevar ainda mais as características do Desalmado.
A primeira colheita do desalmado foi em 2012 seguindo-se a de 2013 e a de 2015, já que 2014 não foi um ano de uvas com categoria para este vinho. Estão esgotadas. Muito recentemente pudemos revisitar essas três colheitas e ainda as de 2017, 2019 e 2020, que ainda estão em estágio nas caves da adega a aguardas decisão sobre o lançamento e, como tal, não fazem parte desta história.
Pedro Gil, director de enologia da Adega do Cartaxo, iniciou a apresentação do vinho com a seguinte comparação; «Tão genuinamente português, o cavalo lusitano é símbolo de natureza pura e dos impulsos animais domados e sublimados. De carácter irreverente e altivo, representa bem a alma do Desalmado, um tinto profundo, intenso e exuberante. Um vinho com muita alma e um verdadeiro desafio aos nossos sentidos”. E, na verdade, é isso que sentimos quando levamos, primeiro ao nariz e depois à boca este belíssimo vinho.
O Desalmado tinto é um blend de uvas de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Tinta Roriz, Alicante Bouschet, Merlot e Castelão, enunciadas por ordem grandeza no lote, cujo estágio é feito, durante 12 meses, em barricas novas de carvalho francês (Seguin Moreau), de 225 litros cada, grão extra-fino com tosta média. Segue-se o estágio em garrafa, que é, no mínimo, de 24 meses. A experiência tem mostrado que o nome não foi ao acaso e que este é um tinto que precisa de tempo para “ser domado”. O Desalmado tinto é um vinho profundo, intenso e exuberante, com uma frescura e uma boa acidez, que levam à sua boa evolução em garrafa.
Aroma intenso com notas iniciais de frutos silvestres bem maduros, groselha e compota, com pimenta preta, juntamente com notas de chocolate.
Na boca é um vinho complexo, profundo, com notas de frutos silvestres bem presentes. Excelente evolução em boca para notas apimentadas, final longo com notas de cacau;
O enólogo Pedro Gil tem, por isso, alargado o hiato de tempo entre o ano da vindima e o ano de lançamento no mercado. Pela dinâmica das edições existentes e na lógica de topo de gama impressa pela Adega do Cartaxo, este é um tinto que só é lançado quando atinge patamares de excelência. Tem, assumidamente, um perfil clássico dos Vinhos do Tejo, com estrutura, envolvência e frescura, a contrastar com tendências e lançamentos mais recentes, como é o caso do Adega do Cartaxo Tejo Castelão, um tinto com menos extração e estagiado apenas em inox. Na Adega do Cartaxo, Pedro Gil tem o privilégio de poder fazer um pouco de tudo, agradando ao maior número de consumidores.
O Desalmado estará sempre pronto a beber aquando da sua chegada ao mercado, mas é um tinto que evolui muito bem em garrafa. Prova disso é esta aposta numa edição especial para o Desalmado tinto 2015, uma década depois da sua vindima. Um vinho para a mesa, a pedir comida com tempero, mas que com tempo é um bom amigo, a solo. A temperatura é também um fator-chave, assim como um bom copo. Se possível, aconselha-se que o vinho seja decantado ou, em alternativa, oxigenado no próprio copo.
Foi a pensar numa experiência mais enriquecedora para o consumidor, que a Adega do Cartaxo desafiou a dupla de sommeliers André Figuinha e António Lopes a elegerem um copo que enaltecesse as características do Desalmado. Segundo André Figuinha, embaixador da marca Stoëlzle Lausitz em Portugal, através da empresa Irmãos Peixoto, “a avaliação e seleção do copo é feita tendo em conta as caraterísticas do vinho, num exercício em que se procura um copo que afine da melhor forma todos as notas aromáticas e gustativas, dando-nos uma leitura clara das várias sensações do vinho. Estamos na presença de um tinto com complexidade, num blend de castas unidas pela elegância da madeira, pelo que o eleito foi o Starlight Burgundy, um copo com um bojo mais aberto, onde é potenciada a perceção de todas as notas aromáticas e onde o vinho encontra a libertação e a oxigenação; de vidro fino, que permite uma maior proximidade com a textura e temperatura; com uma haste que nos traz elegância e que tecnicamente nos deixa equilíbrio entre a base e a capacidade volumétrica. Uma sugestão onde achamos que foi potenciada toda a expressão do vinho e que de forma geral o tornou ainda mais único e preciso. Procurou-se que um ajudasse o outro, e que os dois juntos nos dessem uma terceira perceção!”.
O Desalmado tinto 2015 fica agora disponível em três versões: uma garrafa, a 34 euros, três garrafas em caixa de madeira, a 102 euros e, num pack de edição limitada a 200 unidades “10 Anos Desalmado: garrafa de tinto 2015 + copo Stoëlzle Lausitz Starlight Burgundy”, por 42 euros.
Sobre a Adega do Cartaxo:
Fundada em 1954, por um grupo de 20 associados, a Adega Cooperativa do Cartaxo tem raízes numa região com uma forte tradição vitivinícola, onde existem referências históricas a esta atividade anteriores ao século X. Durante 20 anos, funcionou nas instalações da antiga Junta Nacional do Vinho (atual Instituto da Vinha e do Vinho), situadas na Ribeira do Cartaxo. Desde 1975, a Adega está localizada e labora no Sítio da Precateira, na EN365-2. Destaca-se por ser o 2.º maior produtor dos Vinhos do Tejo e o 1.º da sub-região Cartaxo. A Adega destaca-se por ser o maior empregador do concelho do Cartaxo, com 46 funcionários. Tem 168 associados e uma área produtiva de vinha de cerca de 850 hectares, localizados na sub-região do Cartaxo e freguesias limítrofes dos concelhos de Santarém e Rio Maior. Olhando para as chamadas “zonas”, que nesta região são três – Bairro, Campo e Charneca –, as vinhas da Adega do Cartaxo estão localizadas em duas: 63% na zona do Bairro e 37% no Campo. Esta realidade confere à produção da Adega do Cartaxo a denominação de Vinho Regional do Tejo (ou IG do Tejo) e DOC do Tejo. Os vinhos tintos representam cerca de 70% desta produção, fazendo parte de uma vasta e diversificada gama. Os restantes 30% estão distribuídos entre branco (25%) e rosé (5%). A Adega do Cartaxo tem uma grande preocupação sócio-económica com os seus associados e respetivas famílias – os próprios administradores são associados e entregam uvas à adega. Para além do cumprimento rigoroso dos prazos de pagamento, as uvas são remuneradas de forma diferenciada, em função da qualidade. De realçar também esta mesma política para com a região: a partir de 2018, a Adega passou a certificar a totalidade do vinho produzido, o que representou mais 6 milhões de litros só nesse ano. Uma política adotada pela Adega, em concertação com a Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo (CVR Tejo), com vista à valorização do território e da economia da região, mas também à promoção dos Vinhos do Tejo, em Portugal e no estrangeiro. No que toca a investimentos, os últimos 20 anos foram frutíferos. Desde 2004, representaram cerca de 16 milhões de euros, essencialmente na vertente tecnológica e ambiental, com as energias renováveis a destacarem-se nos últimos quatro anos. Nota para a certificação da Adega do Cartaxo com a ISO 22000. A Adega do Cartaxo produz e comercializa vinhos para o mercado nacional (74%) e internacional (26%), com destaque para a França, Polónia, China, seguidos da Rússia, Brasil, Estados Unidos da América e Canadá. No que toca a referências são já cerca de uma centena, sob doze marcas destinadas ao mercado nacional (Adega do Cartaxo TEJO, Bridão, Coudel Mor, CTX, Desalmado, Detalhe, Encostas do Bairro, Marquês d’Algares, Plexus, Terras de Cartaxo e Xairel) e mais de uma dezena para mercados de exportação. Com vista a aumentar o relacionamento com os enófilos e a notoriedade, a Adega tem vindo a apostar na vertente de enoturismo. Para além da loja de vinhos – que também existe on-line, em www.adegacartaxo.pt –, promove visitas e provas de vinhos variadas. Em tempo de vindimas, tem um programa especial, que inclui ida à vinha, para o tão desejado corte das uvas, experiência de pisa a pé, almoço e passeio de barco no rio Tejo.