Com a classificação da Arrábida como Reserva da Biosfera da UNESCO, o desafio é transformar este selo internacional numa oportunidade para proteger a biodiversidade, valorizar as comunidades locais e posicionar a região como referência global em ecoturismo responsável.
A Arrábida, joia natural da Península de Setúbal, entrou para o clube das Reservas da Biosfera da UNESCO. Não é apenas um título honorífico – é um selo internacional que reconhece a região como um território de excelência para a conciliação entre conservação da natureza e desenvolvimento humano.
A nova Reserva da Biosfera cobre cerca de 200 km2 de território, tendo como núcleo a icónica Serra da Arrábida. As suas falésias calcárias mergulham no Atlântico, criando um cenário único onde se cruzam matagais mediterrânicos, florestas de pinheiro-bravo, grutas secretas e um dos mais ricos ecossistemas marinhos da Europa.
Mais de 1.400 espécies de plantas, 40% da flora portuguesa, encontram aqui refúgio, incluindo 70 espécies raras ou endémicas. Nos mares do Parque Marinho Luiz Saldanha nadam mais de 2.000 espécies marinhas, entre elas os golfinhos-roaz, que se tornaram um símbolo vivo da região.
A designação UNESCO reconhece também que 68.000 pessoas que vivem neste território e nele mantêm atividades ancestrais – da pesca artesanal à produção do Moscatel de Setúbal – fazem parte integrante de um modelo de desenvolvimento sustentável.
A candidatura, que foi coordenada pela Associação de Municípios da Região de Setúbal, definiu a Arrábida como um “laboratório vivo de sustentabilidade”, pelo modo como se faz a harmonização entre conservação ecológica, atividades económicas e qualidade de vida das comunidades locais.
Oportunidade para um novo turismo
Este reconhecimento projeta a Arrábida para o mapa internacional de destinos de ecoturismo. Para a região, é uma oportunidade de se afirmar como referência em turismo responsável, promovendo trilhos pedestres, mergulho sustentável e experiências imersivas ligadas ao património natural e cultural.
Mas esta visibilidade traz também um desafio: evitar a sobrecarga turística que ameaça outros santuários naturais europeus.