
No universo cada vez mais saturado dos automóveis elétricos de alta performance, diferenciar-se exige mais do que números impressionantes. Exige carácter, coerência e uma visão clara do que deve ser a condução no século XXI. O Alpine A390, o primeiro fastback desportivo da marca e o segundo elemento da sua “Dream Garage”, posiciona-se precisamente aí: onde a técnica serve a emoção, e não o contrário.
Design com propósito
A linguagem estética do A390 é uma extensão natural do ADN da marca. A silhueta fluida, os ombros vincados e a assinatura luminosa em “Cosmic Dust” formam um conjunto visualmente distinto, mas sem ostentação. Com 4,61 metros de comprimento e uma presença vincada, o novo Alpine mantém-se fiel à máxima da marca: o prazer de condução começa muito antes de se rodar a chave ou, neste caso, de se pressionar o botão de arranque.
A aerodinâmica não foi relegada para segundo plano. Lâminas ativas, difusores e um tejadilho a 17° fazem parte de um pacote funcional, onde a forma segue a função com precisão francesa.

Três motores, uma filosofia
A configuração de três motores elétricos (um à frente e dois atrás) não é apenas uma afirmação tecnológica. Permite um controlo vectorial do binário que eleva a dinâmica do A390 a um novo patamar, inédito neste segmento. A tração integral e o sistema Alpine Active Torque Vectoring garantem agilidade e estabilidade em iguais doses, atuando em milésimos de segundo para ajustar a distribuição de potência em função do traçado e da aderência.
Na versão GTS, com 470 cv e 824 Nm, os 0-100 km/h cumprem-se em apenas 3,9 segundos. No papel, é uma cifra respeitável. Ao volante, é a maneira como a potência é entregue, progressiva, refinada, incisiva, que impressiona. A plataforma AmpR Medium foi profundamente modificada para reduzir o centro de gravidade e otimizar o equilíbrio. O resultado é uma condução envolvente e previsível, mesmo num automóvel com mais de duas toneladas.

Interior: cockpit, não sala de estar
O habitáculo do A390 segue a mesma lógica: tudo está orientado para o condutor, sem esquecer os restantes ocupantes. Os materiais são de qualidade (couro Nappa, Alcantara e inserções metálicas) e os comandos principais estão dispostos com lógica e tato. O volante, revestido e achatado na base, concentra múltiplas funções, incluindo o botão de impulso para ultrapassagem (“OV”) e o seletor de regeneração (“RCH”), heranças diretas da inspiração na Fórmula 1.
Os bancos Sabelt com função massagem (na versão GTS) conjugam conforto e contenção lateral, confirmando a dupla vocação do modelo: tanto GT como desportivo. Com 532 litros de bagageira e cinco lugares reais, o A390 assume também a ambição de ser um companheiro versátil no quotidiano.
Tecnologia, mas sem artifício
O A390 não abdica da conectividade. O sistema de infotainment, com base Android Automotive, inclui Google Maps com planeador de rotas para elétricos, Alpine Telemetrics, assistência por voz e acesso a aplicações, mas tudo é apresentado com alguma sobriedade. Dois ecrãs (12,3” e 12”) oferecem visualizações claras, sem distrações.

No plano sensorial, destaque para o som: além do sistema áudio Devialet® (de série ou opcional, conforme a versão), o modelo integra sons personalizados que acompanham o binário dos motores, sem cair na caricatura de um V8 digital. É um registo moderno, honesto, que reforça a imersão sem pretensões cénicas.
Autonomia e carregamento: sem surpresas
A bateria de 89 kWh, desenvolvida pela Verkor, permite uma autonomia de até 557 km WLTP (GT com jantes de 20”). O carregamento rápido atinge os 190 kW na versão GTS, com recuperações de 15% a 80% em menos de 25 minutos. Valores competitivos, alinhados com a exigência de um utilizador que não pretende comprometer a experiência por estar a conduzir um elétrico.
Artigo por Rui Reis
