74% dos inquiridos a nível global expressam preocupações sobre a possibilidade da IA criar potenciais preconceitos e comportamentos de risco
Um estudo gobal realizado recentemente pela Agência de Comunicação internacional MARCO, revela opiniões e sentimentos contraditórios em relação à IA. O 3º Relatório Global de Consumo MARCO 2024 revela um contraste impressionante: receio de perder o emprego, por um lado, e antecipação de uma vida mais fácil, por outro, sublinhando a complexidade de percepções gerada pela Inteligência Artificial. O inquérito foi realizado de dezembro de 2023 a janeiro de 2024, com uma amostra total de 7.300 consumidores, de 11 países (Brasil, França, Alemanha, Itália, México, Marrocos, Portugal, África do Sul, Espanha, Reino Unido e EUA) em parceria com a CINT.
Portugal destaca-se na preocupação com a criação de comportamentos de risco associados à IA
Portugal, destaca-se como o país onde os inquiridos expressaram um maior nível de preocupação (78%) sobre a possibilidade de a IA criar preconceitos e outros comportamentos de risco. Paralelamente, 74% dos inquiridos nacionais acreditam que a IA vai substituir trabalhos e 60% acham ser uma ameaça à humanidade. Ainda assim, ao mesmo tempo, a maioria (72%) mostra-se confiante de que a IA irá facilitar a vida.
Já no que diz respeito à aplicação da IA nos diversos setores sócio-económicos, apenas 17% dos Portugueses sabem que pode também ser utilizada na agricultura, em comparação com os 68% que sabem que pode ser utilizada na escrita de textos e criação de conteúdos
E é precisamente na escrita de textos, sobretudo de notícias, que os portugueses estão mais preocupados. 84% dos inquiridos acreditam que com a IA o perigo de difusão de notícias falsas aumenta e mais de metade (60%) afirma que não confia em notícias que foram escritas recorrendo a inteligência artificial.
A perspectiva global
A nível global, o cenário é muito semelhante. Uma média 72% dos participantes no inquérito a nível global receia que a Inteligência Artificial possa vir a substituir trabalhos nas mais diversas áreas económicas, uma lista onde Portugal aparece em terceiro lugar, apenas atrás da África do Sul, Espanha e México, e a par do Reino Unido.
No entanto, apesar das preocupações, a maioria dos inquiridos (68%) a nível global continua otimista quanto ao potencial da IA para simplificar e melhorar as suas vidas. Em particular, os brasileiros encabeçam a lista (87%) como os mais optimistas, abraçando o poder transformador da IA, enquanto os americanos aparecem como os mais cautelosos (57%), refletindo uma maior relutância em relação à tecnologia.
No que diz respeito às ferramentas de IA mais populares, a maioria dos consumidores (59%) reconhece o seu papel na escrita de textos, seguido da criação/edição de imagens (58%). Os inquiridos estão menos conscientes da utilização da IA na indústria automóvel (40%), na educação (43%), no campo da medicina (37%), na agricultura (19%) e na pecuária, e ainda menos (11%) citam outras aplicações. Estes números refletem uma familiaridade crescente com o papel da IA nas atividades quotidianas.
“Embora a IA possa parecer assustadora, a chave está na educação e na consciencialização. Compreender a tecnologia e as suas implicações dá poder aos indivíduos e ajuda a desmistificar o medo que rodeia a IA. À medida que avançamos, a promoção de uma cultura de educação será fundamental para abraçar as oportunidades que a IA apresenta para melhorar as nossas vidas.” – sublinha Didier Lagae, cofundador da MARCO.
À medida que as diferentes indústrias passam pela transformação digital, compreender e abordar estas preocupações será crucial para promover uma relação positiva entre a tecnologia e a força de trabalho.
Metodologia
O inquérito Global de Consumo MARCO 2024 tem como objetivo explorar e analisar as atitudes e o nível de consciencialização dos consumidores relativamente à IA em 11 mercados-chave. A pesquisa decorreu de dezembro de 2023 a janeiro de 2024, fornecendo um retrato abrangente das visões contemporâneas sobre tópicos globais.
A pesquisa online envolveu uma amostra diversificada de mais de 7.300 participantes, representando países com paisagens culturais, económicas e tecnológicas distintas. Os mercados incluídos foram o Brasil, a França, a Alemanha, a Itália, o México, Marrocos, Portugal, a África do Sul, a Espanha, o Reino Unido e os EUA. Esta seleção diversificada quis captar uma compreensão holística do comportamento global do consumidor.
Foi concebido um questionário para abranger vários aspectos para perceber tendências de consumo nas mais diversas áreas, desde meios de comunicação social, marcas, aplicações de IA, sustentabilidade e ainda cultura de trabalho.
Pode ver mais artigos aqui.