Por proteger florestas e denunciar mineração ilegal, muitos defensores do ambiente enfrentam ameaças, intimidações e assassinatos todos os anos. Apesar dos apelos internacionais, o risco continua elevado – e a América Latina é o epicentro deste outro lado da crise ambiental.
Lutar pela terra, pela água ou pela floresta é, em muitas partes do mundo, uma sentença de morte. O relatório mais recente da Global Witness revela que, só em 2024, 146 defensores ambientais foram assassinados ou desapareceram em todo o mundo – uma média de três pessoas por semana.
A maioria destas mortes aconteceu na América Latina, onde conflitos por território, mineração ilegal e desmatamento colocam comunidades inteiras na linha de fogo. A Colômbia continua a ser o país mais perigoso, com 48 homicídios confirmados. Lá, camponeses e líderes indígenas enfrentam grupos armados e cartéis de droga, num contexto de violência crónica e impunidade.
O Brasil surge como o quarto país mais letal para quem defende o ambiente, com 12 assassinatos registados no último ano. Entre as vítimas estão pequenos agricultores, indígenas e um afrodescendente. Mesmo que o número de mortes tenha caído face a 2023, as ameaças e tentativas de homicídio criam um clima de terror que procura silenciar a resistência.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, só em 2024 houve 481 tentativas de assassinato no Brasil – quase metade contra povos indígenas e mais de um quarto contra comunidades quilombolas. Estes números são apenas a ponta do icebergue, uma vez que muitos ataques em regiões remotas não chegam a ser documentados.
A violência não é apenas física. Há perseguições judiciais, campanhas de difamação e criminalização do ativismo, alimentadas por narrativas que rotulam defensores como “agitadores” ou “obstáculos ao progresso”. Esta estigmatização mina a capacidade de mobilização das comunidades e dificulta a investigação dos crimes.
Para a Global Witness, documentar estes casos é o primeiro passo para expor um padrão global de violência e exigir medidas de proteção. Ignorar a violência que os atinge é comprometer o futuro do planeta.