Um restaurante com a qualidade do Davvero só podia estar integrado num espaço que ostenta o nome “Sublime”.
O edifício de esquina, mesmo no coração de Lisboa e a dois passos do bairro das Amoreiras, prima pela subtileza na decoração exterior e na alusão ao requinte que se “esconde” no seu interior. Quem passa nesta elegante moradia do século passado, completamente remodelada e modernizada, mas mantendo todo o charme original, dificilmente percebe que esta aloja um dos mais recentes e luxuosos hotéis boutique da capital.
Aberto há pouco mais de um mês, o Hotel Sublime Lisboa apresenta apenas 15 quartos e suites, todos decorados de forma personalizada, mas mantendo uma matriz comum, que consagra o bom gosto da decoração, o requinte e todo o conforto que se espera de uma unidade de cinco estrelas do grupo que detém o congénere na Comporta. Aliás, se o Resort da Comporta encanta pela amplitude do espaço e pelo charme quase campestre que a sua localização potencia, o novo Sublime Lisboa apaixona pela intimidade e exclusividade que advém de um número muito limitado de quartos.
Apesar das inegáveis, e naturais diferenças, são várias as semelhanças e os pontos de união entre as duas unidades, a começar por alguns elementos decorativos (o recurso ao rattan em algum mobiliário, por exemplo), mas tendo o seu ponto fulcral numa atenção ao detalhe quase obsessiva e, entrando no que nos trouxe ao Sublime Lisboa, à restauração de grande nível.
A convite do Sublime Lisboa, a New Men teve o prazer – sim, porque é disso que se trata – de provar as delícias do restaurante Davvero, o espaço que serve os afortunados clientes do Hotel, mas também todos os visitantes que queiram degustar as criações do Chef Isaac Kumi, sob a visão do Chef Executivo Hélio Gonçalves. De matriz italiana, e não escondendo a inspiração no universo nova iorquino, com destaque para o famoso Cipriani, o Davvero insere-se num espaço requintado na decoração e suficientemente intimista para um romântico jantar a dois, mas cosmopolita quanto baste para um almoço de negócios ou um encontro com amigos ou amigas. A sala, dividida ao meio para tornar o ambiente ainda mais “cosy” e reservado, é muito confortável e tem vista para a cozinha aberta. O bar integrado já se tornou um hotspot dos lisboetas (e não só) que privilegiam a tranquilidade e a qualidade do serviço para dar dois dedos de conversa ou degustar um dos famosos cocktails.
Passando à carta que, como referimos, foi buscar a inspiração nos produtos mediterrânicos, com destaque para os pratos italianos, é variada na oferta. Conta com três pré-entradas (Stuzzichino), sete antipasti, sete entradas (primi) e oito pratos principais (secondi). Entre as diversas opções, há sempre algo para os vegetarianos.
A nossa viagem gastronómica começa desde logo com o couvert, onde pontuam uns brioches tão tentadores que nem os mais acérrimos defensores das restrições alimentares (ou dietas) conseguiriam resistir. O azeite Sublime, os inevitáveis grissini e pequenos pedaços de queijo parmesão dão o sinal de partida para uma refeição que já se adivinhava memorável.
De seguida provámos o Baccalà Mantecato, pequenos quadrados compostos por uma Brandade de bacalhau e uma polenta negra crocante, feita com a tinta de choco. Uma combinação invulgar na composição, mas divinal na harmonia. A Burrata Di Búfala não podia faltar numa mesa dedicada à cozinha italiana. Suave na textura e acompanhada de um verdadeiro pesto genovês, é uma daquelas experiências que nos fica na memória, em especial para quem, como eu, são apaixonados pelo sabor e cremosidade de uma verdadeira Burrata.
Se uma Burrata não podia faltar, o que dizer de um Carpaccio de lombo novilho com molho de queijo parmesão? Delicado no sabor e na textura e devidamente acentuado por um magnifico molho de parmesão, o Il Nostro Carpaccio foi mais um dos pontos altos da refeição.
Mantendo a aposta nos clássicos italianos, passámos para um Spaghetti Alle Vongole. Perfeito no ponto de cozedura e sublimado pelas ameijoas, este Spaghetti de Gragnano é um daqueles pratos a que é difícil resistir, especialmente quando é magistralmente confecionado como, claramente, foi o caso.
Das pastas, saltámos diretamente para os pratos principais e, em especial, para as carnes. Por sugestão da cozinha, provámos o Tagliata Di Manzo e o Piccatine Di Vitello Al Limone. O primeiro, um magnifico entrecôte, vai deixar saudades, acredite. Carne no ponto e de uma qualidade sublime (lá está…), com um molho gremolata que dava o toque perfeito e umas batatas fritas viciantes. Nem as senhoras que nos acompanhavam resistiram a “roubar” uma “só para provar”.
O Piccatine Di Vitello é um escalope de vitela panado que é acompanhado por um molho de limão que atenua o “impacto” da fritura. Mais uma vez, a subtileza foi a palavra-chave. Perfeito na textura e no sabor, o Piccatine remataria de forma perfeita a refeição. E só dizemos “remataria” porque, ao contrário do que foi a toada nesta viagem gastronómica, o “brilho” do escalope panado foi ofuscado pelo acompanhamento: um fabuloso puré de trufas que, por si só, merecia ser o protagonista.
Para acompanhar a refeição, fomos brindados (e brindámos) com um Sublime Reserva Particular Rosé que fez as honras da casa (literalmente) e que mostrou ser o anfitrião perfeito para cada prato que chegava à nossa mesa. À sua!
Terminámos com uma sobremesa da carta que, de tão cuidada apresentação, quase merecia que ficássemos apenas pela fase da contemplação. Falamos da Torta al Limone, que rematou de forma perfeita esta ode aos sentidos, combinando em total harmonia a doçura, a acidez do limão e a textura tão particular do merengue que a cobria.
Finalizámos esta visita ao Sublime Lisboa com uma ida à casa de banho que serve de apoio à magnifica sala de refeições. Pode parecer estranha a sugestão e mais ainda que este seja um dos recantos mais visitados e fotografados do Hotel, mas, e como em quase tudo neste espaço, a decoração e a atenção ao detalhe são de tal forma especiais que a surpresa fica mesmo reservada para uma possível visita. Depois conte-nos como foi…
Artigo por Rui Reis