Antigo diretor de informação da TVI e ex-administrador da Fundação EDP tinha sido contratado como consultor estratégico.
O antigo jornalista e diretor da TVI, Sérgio Figueiredo, anunciou esta quarta-feira, 17 de agosto, que recusa o lugar que o ministro das Finanças, Fernando Medina, lhe oferecera. Em artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, o também antigo administrador da EDP afirma que todas as polémicas em volta do caso fazem-no desistir de ser “consultor estratégico”.
“Não há outra forma de o dizer: desisto”, começou por dizer num texto assinado pelo próprio, onde condena os “moralistas sem vergonha” e os “analistas sem memória. “Vergo-me aos assassínios de caráter, atingido pela manada em fúria, ferido por um linchamento público e impiedoso. É lixado desistir”, afirmou. “Para mim chega! Sou a partir deste momento o ex-futuro consultor do ministro das Finanças. Sossego as almas mais sobressaltadas de que não cheguei a receber um cêntimo, sequer formalizei o contrato que desde a semana passada esperava pela minha assinatura”, pode ler-se no Jornal de Negócios.
Esta contratação, que aparentemente já não irá realizar-se, esteve envolvida em polémica desde que foi conhecida. Desde logo porque se tratava de um contrato por ajuste direto, remunerado ao nível de um ministro para um lugar sem paralelo na carreira da administração pública. Depois, pela relação pessoal conhecida entre Medina e Figueiredo. Este, enquanto diretor da TVI contratou o atual ministro quando ele era presidente da Câmara de Lisboa como comentador político e assim o manteve mesmo durante a campanha eleitoral autárquica.
A questão remuneratória foi também envolvida na polémica. Conhecido o contrato, ficou a saber-se que Figueiredo iria receber, em regime de prestação de serviços, mais de 5800 euros por mês (ilíquidos) durante dois anos (140 mil euros no total), o que na prática era equivalente a um vencimento base até superior ao do ministro.
Artigo por Maria Ana Tojo