
Esta megaoperação da PJ e do DIAP de Lisboa tenta desmantelar a rede criminosa que está por trás.
Vêm para Portugal conduzidos pela esperança de uma vida melhor mas, quando cá chegam, a realidade que idealizaram nada se assemelha àquela que têm diante dos seus olhos. O alojamento, as condições de trabalho e salários dignos ficam pelo caminho e substituem-se por condições sub-humanas, “de semiescravidão”, como detalha a investigação da CNN Portugal.
Acontece aqui, debaixo do nosso teto, nos campos agrícolas do Alentejo. As vítimas são trabalhadores estrangeiros ilegais em terreno luso que sofrem exploração agrícola. Além de verem ser-lhes tirado o seu ordenado, junta-se a isso as ameaças à sua pessoa e à família. Mas também as dívidas acumuladas à associação criminosa cuja rede, segundo a informação recolhida pela CNN, é organizada a partir do distrito de Beja e comandada por cidadãos romenos que contam com angariadores no Leste da Europa, como na Ucrânia, Roménia, índia, Paquistão e Timor.
São empresas fantasmas e é mediante a falsificação de documentos que fazem os contratos com as vítimas. A CNN faz ainda saber que a esta rede criminosa, associam-se questões de tráfico de seres humanos e branqueamento de capitais.
A Policia Judiciária com a Unidade de Contraterrorismo e, juntamente com o DIAP de Lisboa, já avançaram com a megaoperação, à qual chamaram “Vento do Leste”. De acordo com a Rádio Renascença, a investigação decorre há cerca de um ano. Detiveram esta quarta-feira, dia 23 de novembro, 40 pessoas e já fizeram 60 buscas pelo Alentejo, levadas a cabo por 400 inspetores que estão no terreno. Encontraram ainda dezenas de vítimas, que foram encaminhadas para o Alto Comissariado, para as Migrações e para a Segurança Social, conta a RR.
“As autoridades já tinham sido alertadas várias vezes para esse tipo de situação. (…) Há muita gente escravizada que lhes cobram cinco, dez mil euros para os trazer para cá e que depois os escravizam”, refere Francisco Lampreia, presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, à Renascença.