O antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) ficou a saber esta segunda-feira, dia 31 de julho, que vai ser julgado por 65 crimes.
Esta segunda-feira (31 de julho), no Campus de Justiça, foi anunciada a decisão instrutória do processo principal do caso BES/GES, com Ricardo Salgado – antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) – a ficar a saber que vai a julgamento por todos os 65 crimes de que estava acusado, incluindo corrupção ativa, associação criminosa, branqueamento de capitais, falsificação de documentos, burla qualificada, infidelidade e manipulação de mercado. Todos os outros 24 arguidos (17 pessoas e 7 empresas) também ficaram a saber que vão ser julgados.
A decisão instrutória foi realizada sem a presença de Ricardo Salgado, que esteve ausente do tribunal. No entanto, antes da leitura da mesma, o advogado de defesa Francisco Proença de Carvalho reiterou a necessidade de haver uma perícia para comprovar que o arguido sofre de Alzheimer. “É incompreensível para toda a gente que [a realização da perícia] não seja aceite. Será que os tribunais têm medo do resultado da perícia? Provavelmente, só pode ser isso, não há nenhum motivo para não ser aceite”, referiu o advogado de defesa antes de acrescentar que “uma coisa que está provada é que [Ricardo Salgado] sofre de Alzheimer. Aquilo que nos preocupa e que nos custa como advogados é sentirmos, por parte dos tribunais, até este momento, por um lado, uma grande ignorância em relação ao que são os efeitos desta doença na vida das pessoas, das suas famílias e na sua capacidade e, por outro, choca-nos também que a lei não seja aplicada naquilo que são as suas diferentes vertentes”, concluiu Francisco Proença de Carvalho à entrada do tribunal.
A decisão sobre se os 25 arguidos do caso BES/GES iam a julgamento foi inicialmente agendada para o dia 14 de julho, mas a mesma acabou por ser adiada para esta segunda-feira (31 de julho) porque ainda não estava concluída. Durante o debate instrutório do processo (‘Universo Espírito Santo’), ocorrido entre os dias 2 e 9 de maio no tribunal de Monsanto, o Ministério Público (MP) defendeu que “existem indícios suficientes para que todos os arguidos sejam sujeitos a julgamento, pronunciados nos exatos termos da acusação”, enquanto a maioria das defesas discorda desta tese dos procuradores e apelou à não pronúncia dos arguidos.
O caso BES/GES é considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, abrangendo um total de 242 inquéritos que foram sendo apensados e mais de 300 queixas de pessoas, singulares e coletivas – residentes em Portugal e no estrangeiro. O Ministério Público calcula que a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, tenha causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.