Comer conservas é seguro, nutritivo, barato, pratico e muito, muito saboroso. Além do mais, é possível escolher entre 34 espécies de peixe, bivalves e moluscos, temperadas de variadíssimas maneiras, perfazendo um total de mais de 800 referências diferentes.
Não se percebe muito bem a razão porque é que este tipo de alimento nunca entrou a sério na alimentação caseira de rotina dos lares portugueses. Para além das sardinhas, às vezes acompanhadas de batatas cozidas, ou de uma singela saladinha de feijão frade com atum, a que podemos juntar um pudim de arroz com atum em tomate, pouco mais há a registar. Porquê? É um mistério.
No entanto, até há 60 anos todo o restaurante de média/alta ou alta gama que se prezasse tinha na lista a sugestão de “Acepipes” ou Hors d’oeuvres” para começo de refeição. Aquilo a que hoje chamamos entradas. Eram num carrinho, dez, quinze, vinte, nunca faltando as conservas.
Felizmente os melhores chefes de cozinha não descuraram essa riqueza gastronómica, preparando magníficos pratos, alguns de alta cozinha com as nossas fantásticas conservas. Para que isso acontecesse muito contribuiu a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), que tem levado a efeito campanhas de sensibilização, provas e outras acções.
Recentemente realizou-se mais uma prova comentada no restaurante Taberna Albricoque (Santa Apolónia, Lisboa), onde o chefe Bertílio Gomes preparou uma série de fantásticas iguarias que casaram na perfeição com os vinhos escolhidos por José Silva,
O almoço abriu com um suculento amuse-bouche de Paté de Ovas de Pescada Picante, seguindo-se um Escabeche de Enguias em tarde de batata, Chicharro dos Açores em ceviche (umas das iguarias mais bem concebidas), Taco de Polvo com salicórnia e Maki de Filete de Ovas de Cavala. A harmonização de vinho foi feita com Marquês de Marialva Bical (Bairrada), António Saramago Rosé (Setúbal).
Seguiram-se os dois pratos principais, Barriga e Sangacho de Atum com ratatouille e molho holandês e Bicuda fumada dos Açores com Mexilhões em caldeirada e Xerém. A combinação fez-se com Serra Mãe branco (Setubal) e o vinho de XXVI Talhas Tareco da Adega do Mestre Daniel, de Vila Alva (Cuba).
A sobremesa foi eventualmente a maior surpresa: mousse de chocolate com sardinhas em azeite. Registe-se a boa performance do espumante bruto de Vinhão da Barcos Wines (Ponte da Barca) que acompanhou o doce.
As conservas foram obtidas na loja da ANICP, na Rua do Arsenal, em Lisboa, um dos muitos estabelecimentos que, em várias cidades do país, têm uma alargada oferta das conservas portuguesas.
O sector conserveiro é uma actividade importante, quer a nível de mercado interno, quer a nível de exportações. Mantém mais de 3500 postos de trabalho (90% mulheres), produzindo 73 mil toneladas de conservas, num valor de 366 milhões de euros, sendo que cerca de 70% se destina à exportação.
Quem quiser saber mais sobre o mundo das conservas, nomeadamente óptimas receitas pode ir a www.anicp.pt .