Temperaturas elevadas continuam a preocupar a população.
Foi no dia 6 de julho que começou o aumento das temperaturas em Portugal Continental. Estas devem manter-se até ao dia 17 deste mês, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em comunicado.
O fenómeno meteorológico, que resulta da circulação de uma massa de ar muito quente e seco do Norte de África, está a contribuir para um aumento exponencial das temperaturas máximas que, esta quarta-feira, dia 13, foram superiores a 40 graus em grande parte do território. Na mesma linha, esclarece o IPMA, “mantém-se a persistência da ocorrência de noites tropicais” com temperaturas mínimas a rondar os 20ºC na generalidade do país.
Devido às elevadas temperaturas e aos incêndios que deflagram no país, a situação de contingência vai prolongar-se de sexta-feira a domingo. O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo primeiro-ministro durante uma visita ao IPMA.
Esta posição de António Costa de renovar a situação de contingência foi tomada após ter estado reunido com o presidente do IPMA, Miguel Miranda, e com responsáveis da Autoridade Nacional de Emergência e da Proteção Civil, em que também esteve presente o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. O primeiro-ministro questionou se a decisão política deveria passar pelo prolongamento da situação de contingência em Portugal e recebeu uma resposta afirmativa.
Às 8h30 desta quinta-feira, eram dois os fogos em Leiria que mais preocupavam os bombeiros. Os incêndios em Vale da Pia e em Barrocal-Sicó no distrito de Leiria eram os que a esta hora mais preocupavam os bombeiros, podendo nas próximas horas juntarem-se meios aéreos no combate, disse à Lusa fonte da Proteção Civil.
“Neste momento temos duas ocorrências a causar mais preocupação, em Vale da Pia e Barrocal-Sicó, no distrito de Leiria. Na serra do Sicó temos duas frentes, uma em combate e outra arde livremente em zona de difícil acesso e, por isso, vamos mobilizar assim que for possível os meios aéreos”, disse à Lusa o oficial de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Rodrigo Bretelo.
Segundo o oficial de operações, o incêndio que deflagrou na sexta-feira em Barrocal-Sicó, no concelho de Pombal, distrito de Leiria, mobilizava 132 operacionais, incluindo grupos de reforço de Lisboa, Coimbra e Portalegre, com o apoio de 40 veículos. “Em Vale da Pia, o incêndio está dividido em quatro sectores, dos quais três estão em consolidação e um encontra-se ativo em cerca de 30% da sua área. Estão mobilizados no combate 465 operacionais, com 127 veículos”, referiu.
Rodrigo Bretelo justificou a preocupação com este incêndio com as grandes dimensões e porque está ativo desde sexta-feira, tendo sofrido várias reativações. “As temperaturas que nos esperam hoje são mais reduzidas, mas preocupam na mesma, temos parca humidade com valores na ordem dos 5%, o que não facilita o combate e os operacionais no terreno”, disse.
Destacou igualmente, os fogos em Gambelas, no distrito de Faro, com 359 operacionais, com o apoio de 126 veículos, e o de Palmela, no distrito de Setúbal, que mobilizava 398 operacionais, com o apoio de 123 meios terrestres e um meio aéreo.
“Neste incêndio tivemos ontem [quarta-feira] cinco feridos de uma corporação de bombeiros do Pinhal Novo e tiveram de ser deslocadas algumas pessoas que estavam num campo de férias da EDP perto daquela zona”, indicou. De acordo com Rodrigo Bretelo, não há povoações, nem pessoas em risco.
Em Vale da Pia, freguesia de Abiul, em Pombal, o incêndio deflagrou às 14h50 de sexta-feira, tendo alastrado ao concelho vizinho de Ansião. Pelas 9h30 desta quinta-feira, estavam no terreno 515 operacionais, apoiados por 136 viaturas e oito meios aéreos. Nesta manhã, Pedro Pimpão adiantava que já se tinha registado outro reacendimento, desta vez na Serra de Sicó, perto de Barrocal.
Já o incêndio que deflagrou na quarta-feira, 13, em Palmela, distrito de Setúbal, foi dado como dominado às 9h30 desta quinta-feira, afirmou fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). De acordo com a página da internet da ANEPC, no combate ao fogo encontravam-se, pelas 10h20, 406 operacionais, apoiados por 126 veículos e uma aeronave.
Na quarta-feira à noite, o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal indicou que este fogo provocou 10 feridos e à retirada da população da zona de Aires. O alerta para o fogo tinha sido dado às 12h04.
O incêndio em Faro também foi dado como dominado. No ponto de situação feito pelas 10h30, Richard Marques, comandante operacional distrital de Faro da Proteção Civil, avançou à Lusa que “todos os objetivos definidos no plano estratégico de ação foram conseguidos”. “Houve uma estabilização do perigo e por isso consideramos o incêndio como dominado”, acrescentou.
Segundo o comandante operacional, “registaram-se duas frentes, uma para noroeste e outra para sudoeste”. “Rapidamente, com o que foi a sucessão de projeções e a criação de novos focos secundários com uma expressão e capacidade de desenvolvimento muito severas” foram atingidos vários locais como Quinta do Lago, Vale do Lobo, Vale do Garrão, Ferrarias e Fonte Santa.
No que toca à situação de Almancil, onde 12 pessoas foram retiradas, estas “continuam a ser acompanhadas”, explicou. Muitas destas pessoas ficaram sem eletricidade. Neste momento “existe uma articulação com a E-REDES para que, em toda a área deste incêndio, haja a reposição da energia”, definida como uma prioridade, acrescentou o responsável.
Pode acompanhar os incêndios em Portugal através do site da Proteção Civil.
Artigo por Maria Ana Tojo