No Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, foi revelado a quantidade de alimentos que se desperdiça em Portugal.
Francisco Mello e Castro, diretor do movimento ‘Unidos contra o Desperdício’ fez um apelo contundente à sociedade, esta sexta-feira (29 de setembro) – Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar –, onde chamou à atenção para a crise do desperdício alimentar em Portugal. Segundo Francisco Mello e Castro, o desperdício de alimentos é um “problema gravíssimo” e uma das principais preocupações globais, uma vez que 25% da água doce do planeta é utilizada para cultivar alimentos que nunca serão consumidos.
O diretor do movimento ‘Unidos contra o Desperdício’, salientou que o desperdício não se resume apenas à água gasta, mas também à energia e todos os recursos necessários para cultivar, processar e transportar alimentos que acabam no lixo. De acordo com Francisco Mello e Castro, se o desperdício alimentar fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa no mundo.
Em 2019, os 21 Bancos Alimentares em Portugal conseguiram evitar o desperdício de cerca de 17.218 toneladas de alimentos, alimentando 320.000 pessoas ao longo desse mesmo ano. No entanto, mesmo com esses esforços louváveis, cada português ainda desperdiça em média 184 quilos de alimentos por ano, totalizando 1,8 milhões de toneladas anualmente. Estes números colocam Portugal como o quarto país que mais desperdiça na Europa. A União Europeia (UE), como um todo, deita fora 88 milhões de toneladas de alimentos todos os anos.
“Acreditamos que as pessoas ainda não percecionaram o problema”, refere Francisco Mello e Castro, destacando a necessidade de consciencializar a população, motivo pelo qual foi criado o movimento ‘Unidos contra o Desperdício’, que reúne mais de 300 instituições com o objetivo de combater o desperdício.
O grande desafio, de acordo com o diretor do movimento, reside nos consumidores, que são responsáveis por metade do desperdício alimentar, seja nas suas casas, cafés ou restaurantes. Francisco Mello e Castro deixou ainda algumas dicas simples, como nunca fazer compras com fome, fazer listas de compras e pedir porções adequadas em restaurantes, para além de encorajar as pessoas a levar para casa as sobras, pois “a vergonha é desperdiçar”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu uma meta ambiciosa de reduzir para metade o desperdício alimentar global até 2030. Embora seja um objetivo desafiador, Francisco Mello e Castro acredita que metas ambiciosas são necessárias para manter o foco na solução desse problema crítico.
Na procura por atingir esta meta, as empresas estão a liderar a mudança em toda a cadeia alimentar, enquanto os consumidores provavelmente irão enfrentar mais desafios para se adaptarem. Para consciencializar a sociedade, o movimento ‘Unidos contra o Desperdício’ organizou a conferência “Unidos Damos Tampa ao Desperdício“, que irá contar com a participação de figuras proeminentes, como Hugo Pires (secretário de Estado do Ambiente), Carlos Moedas (presidente da Câmara Municipal de Lisboa), Maria do Céu Antunes (ministra da Agricultura) e Marcelo Rebelo de Sousa (Presidente da República).
Os números impressionantes revelam a gravidade do desperdício alimentar em Portugal e a necessidade urgente de ações para reduzir este “problema gravíssimo” que afeta não apenas o país, mas o mundo como um todo.